5 de março de 2012

A rainha dos anjos, terror dos demónios


A rainha dos anjos, terror dos demónios


Encerro aqui esta viagem biblico-católica que nos conduziu da maravilhosa realidade dos Anjos de Luz, à tenebrosa existência dos Anjos Caídos. Da fidelidade e amor a Deus dos primeiros Anjos, à revolta desesperada dos segundos. Da solicitude dos Anjos por nós homens, ao ódio implacável que nos têm os demónios.

Vimos os cuidados que devemos ter em relação a toda forma de supertição, que é uma porta de acesso do Maligno, e a que grau de sujeição ao anjo do mal pode levar o homem, passando de um pacto implícito, da mera superstição, ao pacto explícito, a um verdadeiro contrato com o demónio. E aí se abre o abismo terrível da possessão voluntária, da feitiçaria negra, do malefício, das Missas negras, dos ritos sacrílegos, os sacrifícios humanos e animais...

Vimos também o renascer do satanismo, consequência do tremendo processo de descristianização e falência religiosa em geral, e de decadência moral e ideológica pelo qual passa a Humanidade. Incrementa-se o fanatismo de líderes, a corrupção e a ganância, e diminui o número de seguidores do Bem, da Luz e da vontade divina.

Deve temer-se mais o pecado do que o demónio, considerando pecado todo o acto e pensamento que nos desvia do caminho da solidariedade, do conhecimento, do amor e da fé e que abre a porta aos Anjos Caídos.

Não devemos, entretanto, ter pânico do demónio. Nem exagerar supersticiosamente os seus poderes (os quais, de nada lhe valem se Deus não consentir que os utilize); mas guardar dele toda a distância, evitando qualquer forma de magia oculta. Evitando sobretudo o acima citado pecado: é o pecado que nos torna vulneráveis à acção do Maligno.
 
A grande Santa Teresa de Jesus relembra esta verdade com tal fogo e tal lógica, que convém transcrever as suas próprias palavras:

"Se este Senhor (Jesus Cristo) é tão poderoso, como sei e vejo; se os demónios não são senão seus escravos, como a fé não me permite duvidar, que mal me podem fazer eles, se eu sou a serva deste Rei e Senhor? Antes, por que não sentir-me tão forte que seja capaz de enfrentar o inferno inteiro?

“Tomando a cruz às mãos me parecia que Deus me dava coragem. Em breve espaço de tempo me vi tão transformada, que não teria temido sair em luta com todos os demónios, que me parecia que com aquela cruz facilmente venceria a todos. E gritava-lhes: ‘Avancem agora! Sendo eu a serva do Senhor, quero ver o que me podem fazer!’

“E me pareceu que eles me temiam, pois fiquei tranquila e sem temor de todos eles e se me esvaíram todos os medos que tinha até agora; verdadeiramente, pois, deixaram-me tranquila. Porque, embora algumas vezes os visse ainda, não lhes tive mais medo, pelo contrário, parecia que eles é que tinham medo de mim. Ficou-me um tal senhorio contra eles, a mim conferido pelo Senhor de todos, que não tenho mais medo deles do que de uma mosca. Parecem-me tão covardes que, vendo que eu os desprezo, perdem a força."
 “Estes inimigos não sabem atacar senão aqueles que lhes entregam as suas próprias armas, ou quando o permite Deus para maior bem dos seus servos, que os atormentem. Aprouvesse a Sua Majestade que nós temessemos a quem devemos temer e compreendessemos que nos pode vir maior dano de um pecado venial que de todo o inferno junto. Os demónios só nos perturbam porque nós nos perturbamos com aquilo que nos deveria aborrecer, como questões de honra, de negócios e deleites. Porque assim eles combatem-nos com as nossas próprias armas que nós pomos nas suas mãos, em vez de usá-las para nos defender. ..."

“Não entendo estes medos: as pessoas gritam 'demónio! demónio!', enquanto poderiam gritar: ‘Deus! Deus!’ e fazê-lo tremer. Sim, pois sabemos que eles não se podem mover se o Senhor não o permitir”. (Santa Teresa, Livro de la Vida, Cap. 25, na. 20-22 in Obras Completas, pp 115-116.)


As armas da luta católica

Temos ao nosso alcance os meios para nos defendermos quer da acção ordinária quer da extraordinária do demónio: a oração, a Confissão e os demais Sacramentos, os sacramentais, as medalhas bentas, a água-benta e sobretudo uma vida de piedade autêntica e de fé sincera.

Quando Deus permite uma acção mais intensa do Tentador, uma infestação, ou mesmo, em casos extremos, a possessão, temos nos exorcismos realizados com fé e devoção por quem de direito e competência, uma forma segura de libertação.

Devemos recorrer especialmente ao nosso Anjo da Guarda, aos três gloriosos Arcanjos, São Miguel, São Gabriel e São Rafael.
A São José, Patriarca da Sagrada Família, ao qual Deus nada recusa.

Devemos sobretudo ter uma devoção sincera e elevada para a Rainha dos Anjos, Terror dos demónios.
Uma luta efectiva contra a acção demoníaca não pode ser realizada sem a especial ajuda e patrocínio da Santíssima Virgem. Pela sua dignidade de Mãe do Redentor, o seu grau de união com Deus, a sua participacção activa na Paixão do Salvador, como verdadeira Co-Redentora e Medianeira de todas as graças, Ela é o nosso apoio decisivo contra os Anjos malditos que se revoltaram contra o seu Criador.


Maria, a mais terrível inimiga que Deus armou contra o demónio

O grande apóstolo da devoção mariana, São Luís Grignion de Montfort, no seu célebre Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssíma Virgem, sintetiza de modo admirável o papel único de Maria na luta contra Satanás:

"Maria deve ser terrível para o demónio e os seus seguidores, como um exército em linha de batalha, principalmente nestes últimos tempos, pois o demónio, sabendo bem que lhe resta pouco tempo para perder as almas, redobra a cada dia os seus esforços e ataques. Suscitará, em breve, perseguições cruéis e terríveis emboscadas aos servidores fiéis e aos verdadeiros filhos de Maria, que mais trabalho lhe darão para vencer.

“É principalmente a estas últimas e cruéis perseguições do demónio, que se multiplicarão todos os dias até ao reino do Anticristo, a que se refere aquela primeira e célebre predição e maldição que Deus lançou contra a serpente no paraíso terrestre. Vem a propósito explicá-la aqui, para glória da Santíssima Virgem, salvação dos seus filhos e confusão do demónio.

“Porei inimizades entre ti e a mulher, e entre a tua posteridade e a posteridade dela. Ela te pisará a cabeça, e tu amarrarás traições ao seu calcanhar" (Gen 3, 15).

“Uma única inimizade Deus promoveu e estabeleceu, inimizade irreconciliável, que não só há-de durar, mas aumentar até ao fim: a inimizade entre Maria, sua digna Mãe, e o demónio; entre o filhos e servos da Santíssima Virgem e os filhos de Lúcifer; de modo que Maria é a mais terrível inimiga que Deus armou contra o demónio.


O calcanhar que esmaga a cabeça da serpente

“Ele deu-lhe até, desde o paraíso, tanto ódio a esse amaldiçoado inimigo de Deus, tanta clarividência para descobrir a malícia dessa velha serpente, tanta força para vencer, esmagar e aniquilar esse ímpio orgulhoso, que o temor que Maria inspira ao demónio é maior que o que lhe inspiram todos os Anjos e homens e, em certo sentido, o próprio Deus. Não que a ira, o ódio, o poder de Deus não sejam infinitamente maiores que os da Santíssima Virgem, pois as perfeições de Maria são limitadas, mas, em primeiro lugar, Satanás porque é orgulhoso sofre incomparavelmente mais, por ser vencido e punido pela pequena e humilde escrava de Deus, cuja humildade o humilha mais que o poder divino; segundo, porque Deus concedeu a Maria tão grande poder sobre os demónios, que, como muitas vezes se viram obrigados a confessar, pela boca dos possessos, infunde-lhes mais temor um só de seus suspiros por uma alma, que as orações de todos os santos; e uma só das suas ameaças que todos os outros tormentos."

“O que Lúcifer perdeu por orgulho, Maria ganhou por humildade. O que Eva condenou e perdeu pela desobediência, salvou-o Maria pela obediência” (São Luís Maria Grignion de Montfort, Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem. nn. 50-54.)

Invoquemos Maria Santíssima, a Rainha dos Anjos e Terror dos demónios. Que Ela nos assista de um modo especial para que, revestidos da armadura de Deus, possamos resistir às ciladas do demónio (Ef6, 11-17).

“E mandará os seus Anjos
com trombetas e com grande voz,
e juntarão os seus escolhidos
dos quatro ventos,
duma extremidade dos céus,
até à outra “.
(Mt 24, 31)
 
(Adaptado de “Anjos e Demónios - A Luta Contra o Poder das Trevas”, Gustavo Antônio Solímeo - Luiz Sérgio Solímeo)

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