A rainha dos anjos, terror dos demónios
Encerro aqui esta viagem
biblico-católica que nos conduziu da maravilhosa realidade dos Anjos de Luz, à
tenebrosa existência dos Anjos Caídos. Da fidelidade e amor a Deus dos
primeiros Anjos, à revolta desesperada dos segundos. Da solicitude dos Anjos
por nós homens, ao ódio implacável que nos têm os demónios.
Vimos os cuidados que devemos
ter em relação a toda forma de supertição, que é uma porta de acesso do
Maligno, e a que grau de sujeição ao anjo do mal pode levar o homem, passando
de um pacto implícito, da mera superstição, ao pacto explícito, a um verdadeiro
contrato com o demónio. E aí se abre o abismo terrível da possessão voluntária,
da feitiçaria negra, do malefício, das Missas negras, dos ritos sacrílegos, os
sacrifícios humanos e animais...
Vimos também o renascer do
satanismo, consequência do tremendo processo de descristianização e falência
religiosa em geral, e de decadência moral e ideológica pelo qual passa a
Humanidade. Incrementa-se o fanatismo de líderes, a corrupção e a ganância, e
diminui o número de seguidores do Bem, da Luz e da vontade divina.
Deve temer-se mais o pecado
do que o demónio, considerando pecado todo o acto e pensamento que nos desvia
do caminho da solidariedade, do conhecimento, do amor e da fé e que abre a
porta aos Anjos Caídos.
Não devemos, entretanto, ter
pânico do demónio. Nem exagerar supersticiosamente os seus poderes (os quais,
de nada lhe valem se Deus não consentir que os utilize); mas guardar dele toda
a distância, evitando qualquer forma de magia oculta. Evitando sobretudo o
acima citado pecado: é o pecado que nos torna vulneráveis à acção do Maligno.
A grande Santa Teresa de
Jesus relembra esta verdade com tal fogo e tal lógica, que convém transcrever
as suas próprias palavras:
"Se este Senhor (Jesus
Cristo) é tão poderoso, como sei e vejo; se os demónios não são senão seus
escravos, como a fé não me permite duvidar, que mal me podem fazer eles, se eu
sou a serva deste Rei e Senhor? Antes, por que não sentir-me tão forte que seja
capaz de enfrentar o inferno inteiro?
“Tomando a cruz às mãos me
parecia que Deus me dava coragem. Em breve espaço de tempo me vi tão
transformada, que não teria temido sair em luta com todos os demónios, que me
parecia que com aquela cruz facilmente venceria a todos. E gritava-lhes:
‘Avancem agora! Sendo eu a serva do Senhor, quero ver o que me podem fazer!’
“E me pareceu que eles me
temiam, pois fiquei tranquila e sem temor de todos eles e se me esvaíram todos
os medos que tinha até agora; verdadeiramente, pois, deixaram-me tranquila.
Porque, embora algumas vezes os visse ainda, não lhes tive mais medo, pelo
contrário, parecia que eles é que tinham medo de mim. Ficou-me um tal senhorio
contra eles, a mim conferido pelo Senhor de todos, que não tenho mais medo
deles do que de uma mosca. Parecem-me tão covardes que, vendo que eu os
desprezo, perdem a força."
“Estes inimigos não sabem atacar senão aqueles
que lhes entregam as suas próprias armas, ou quando o permite Deus para maior
bem dos seus servos, que os atormentem. Aprouvesse a Sua Majestade que nós
temessemos a quem devemos temer e compreendessemos que nos pode vir maior dano
de um pecado venial que de todo o inferno junto. Os demónios só nos perturbam
porque nós nos perturbamos com aquilo que nos deveria aborrecer, como questões
de honra, de negócios e deleites. Porque assim eles combatem-nos com as nossas
próprias armas que nós pomos nas suas mãos, em vez de usá-las para nos
defender. ..."
“Não entendo estes medos: as
pessoas gritam 'demónio! demónio!', enquanto poderiam gritar: ‘Deus! Deus!’ e
fazê-lo tremer. Sim, pois sabemos que eles não se podem mover se o Senhor não o
permitir”. (Santa Teresa, Livro de la Vida, Cap. 25, na. 20-22 in Obras
Completas, pp 115-116.)
As armas da luta católica
Temos ao nosso alcance os
meios para nos defendermos quer da acção ordinária quer da extraordinária do
demónio: a oração, a Confissão e os demais Sacramentos, os sacramentais, as
medalhas bentas, a água-benta e sobretudo uma vida de piedade autêntica e de fé
sincera.
Quando Deus permite uma acção
mais intensa do Tentador, uma infestação, ou mesmo, em casos extremos, a
possessão, temos nos exorcismos realizados com fé e devoção por quem de direito
e competência, uma forma segura de libertação.
Devemos recorrer
especialmente ao nosso Anjo da Guarda, aos três gloriosos Arcanjos, São Miguel,
São Gabriel e São Rafael.
A São José, Patriarca da
Sagrada Família, ao qual Deus nada recusa.
Devemos sobretudo ter uma
devoção sincera e elevada para a Rainha dos Anjos, Terror dos demónios.
Uma luta efectiva contra a
acção demoníaca não pode ser realizada sem a especial ajuda e patrocínio da
Santíssima Virgem. Pela sua dignidade de Mãe do Redentor, o seu grau de união
com Deus, a sua participacção activa na Paixão do Salvador, como verdadeira
Co-Redentora e Medianeira de todas as graças, Ela é o nosso apoio decisivo
contra os Anjos malditos que se revoltaram contra o seu Criador.
Maria, a mais terrível
inimiga que Deus armou contra o demónio
O grande apóstolo da devoção
mariana, São Luís Grignion de Montfort, no seu célebre Tratado da Verdadeira
Devoção à Santíssíma Virgem, sintetiza de modo admirável o papel único de Maria
na luta contra Satanás:
"Maria deve ser terrível
para o demónio e os seus seguidores, como um exército em linha de batalha,
principalmente nestes últimos tempos, pois o demónio, sabendo bem que lhe resta
pouco tempo para perder as almas, redobra a cada dia os seus esforços e
ataques. Suscitará, em breve, perseguições cruéis e terríveis emboscadas aos
servidores fiéis e aos verdadeiros filhos de Maria, que mais trabalho lhe darão
para vencer.
“É principalmente a estas
últimas e cruéis perseguições do demónio, que se multiplicarão todos os dias
até ao reino do Anticristo, a que se refere aquela primeira e célebre predição
e maldição que Deus lançou contra a serpente no paraíso terrestre. Vem a
propósito explicá-la aqui, para glória da Santíssima Virgem, salvação dos seus
filhos e confusão do demónio.
“Porei inimizades entre ti e
a mulher, e entre a tua posteridade e a posteridade dela. Ela te pisará a
cabeça, e tu amarrarás traições ao seu calcanhar" (Gen 3, 15).
“Uma única inimizade Deus
promoveu e estabeleceu, inimizade irreconciliável, que não só há-de durar, mas
aumentar até ao fim: a inimizade entre Maria, sua digna Mãe, e o demónio; entre
o filhos e servos da Santíssima Virgem e os filhos de Lúcifer; de modo que
Maria é a mais terrível inimiga que Deus armou contra o demónio.
O calcanhar que esmaga a cabeça da serpente
“Ele deu-lhe até, desde o
paraíso, tanto ódio a esse amaldiçoado inimigo de Deus, tanta clarividência
para descobrir a malícia dessa velha serpente, tanta força para vencer, esmagar
e aniquilar esse ímpio orgulhoso, que o temor que Maria inspira ao demónio é
maior que o que lhe inspiram todos os Anjos e homens e, em certo sentido, o
próprio Deus. Não que a ira, o ódio, o poder de Deus não sejam infinitamente
maiores que os da Santíssima Virgem, pois as perfeições de Maria são limitadas,
mas, em primeiro lugar, Satanás porque é orgulhoso sofre incomparavelmente
mais, por ser vencido e punido pela pequena e humilde escrava de Deus, cuja
humildade o humilha mais que o poder divino; segundo, porque Deus concedeu a
Maria tão grande poder sobre os demónios, que, como muitas vezes se viram
obrigados a confessar, pela boca dos possessos, infunde-lhes mais temor um só
de seus suspiros por uma alma, que as orações de todos os santos; e uma só das
suas ameaças que todos os outros tormentos."
“O que Lúcifer perdeu por
orgulho, Maria ganhou por humildade. O que Eva condenou e perdeu pela
desobediência, salvou-o Maria pela obediência” (São Luís Maria Grignion de
Montfort, Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem. nn. 50-54.)
Invoquemos Maria Santíssima,
a Rainha dos Anjos e Terror dos demónios. Que Ela nos assista de um modo
especial para que, revestidos da armadura de Deus, possamos resistir às ciladas
do demónio (Ef6, 11-17).
“E mandará os seus Anjos
com trombetas e com grande voz,
e juntarão os seus escolhidos
dos quatro ventos,
duma extremidade dos céus,
até à outra “.
(Mt 24, 31)
(Adaptado de “Anjos e
Demónios - A Luta Contra o Poder das Trevas”, Gustavo Antônio Solímeo - Luiz
Sérgio Solímeo)
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