A mediunidade e os Anjos

A mediunidade e os Anjos

O Espiritismo é um conjunto de leis morais que disciplinam as relações do "Mediunismo" entre o plano visível e o invisível, coordenando também o progresso espiritual dos seus adeptos. Mas a ocorrência de fenómenos mediúnicos verificou-se desde sempre, independentemente da doutrina espírita que se pode considerar recente. Também se podem verificar independentemente da pessoa ser ou não espirita. 

Para quem agora se inicia nestas temáticas, quero sublinhar que a mediunidade é uma manifestação que pode ocorrer independentemente do Espiritismo. Faço este reparo porque frequentemente deparo com consulentes que ficam admirados, e nalguns casos ouso dizer duvidosos, por eu não ser espírita

O mediunismo é uma "faculdade" - todos os seres humanos a têm em diferentes graus de desenvolvimento e nas suas diversas manifestações - que pode não estar sujeita a doutrinas ou religiões. O Espiritismo é uma "doutrina" moral e filosófica codificada por Allan Kardec, cuja finalidade é a libertação do homem dos dogmas asfixiantes e das paixões escravizantes.

Então, Intuição e Mediunidade são termos normalmente associados ao Espiritismo, no entanto existe neste mundo um mar de bons médiuns que ignoram as obras de Allan Kardec e que professam todas as crenças - o Catolicismo, o Protestantismo, a Teosofia, o Esoterismo, o Budismo, o Islamismo, o Hinduísmo, o Judaísmo… Os mediuns podem possuir um alto critério espiritual, mesmo alheios aos postulados espíritas ou religiosos. Certa vez uma senhora disse-me que se eu não era espírita não podia ter uma mediunidade desenvolvida. É verdade, estou a ser um pouco exaustiva sobre este assunto porque considero que uma coisa é não saber o que é a mediunidade, outra coisa é ter dela uma ideia errada e estar convicto que se sabe do assunto. Perguntei à senhora se ela sabia que o espiritismo está praticamente circunscrito às culturas ocidentais e que apenas tinha sido doutrinado por Kardec há cerca de 150 anos. A senhora respondeu-me que pensava ser mais antigo. Pois bem, seguidamente perguntei-lhe se ela achava mesmo que só existiam médiuns no ocidente e de há 150 anos a esta data. Sendo uma pessoa interessante e interessada pediu-me desculpa pela confusão. Ficou com uma ideia errada por causa de um filme que viu. Filmes!!!

Novamente para quem só agora lê as primeiras linhas sobre este tema, repito que todas as pessoas possuem um certo grau de mediunidade, tendo ou não consciência deste facto. Há vários tipos desse dom do ser humano, o mais comum e que cada um de nós já experimentou algum dia é a chamada intuição. Intuição é uma palavra de origem latina "In tueri" que significa "olhar para dentro". Quem nunca teve um pressentimento de factos felizes ou tristes na sua vida e que algum tempo depois se concretizaram? Quem nunca ouviu aquela voz interior elogiando ou criticando uma atitude tomada? Quem nunca tirou partido de um sonho? Claro que alguns nunca mas a maioria dos seres humanos têm experiências destas.

Todos nascem com esta vocação, todos temos um Anjo de nascimento e deveríamos comunicar directamente com ele e com os outros que nos assistem. O difícil é a pessoa ter uma mente suficientemente aberta para se iniciar e colocar na prática, gerir e desenvolver o dom. Na correria do dia a dia, quase ninguém tem tempo, vontade e paciência para ouvir os sinais da intuição, e sem esses ingredientes, não é possível captar as mensagens enviadas por ela antes de tomar uma decisão.

No meu caso, durante anos não soube gerir as visões e tinha medo por ignorância. As forças negativas e os génios contrários tudo fizeram para me afastar do caminho de Luz e à excepção da minha avó materna, outros familiares, amigos e conhecidos reagiram com preconceito, descriminando-me e atribuindo os meus "devaneios" a doenças psíquicas. Quem não conhece e está trancado na prepotência e na arrogância julga e condena. Tudo mudou quando, após tantos anos sem a minha avó, encontrei um grupo de "iluminados" que me "limpou a cabeça", ensinou a ser indiferente a espíritos fechados que nada sabem de coisa nenhuma - porque nunca investigaram seriamente estes assuntos, e vão à igreja nos baptizados e casamentos. No entanto, por serem descrentes receiam estes assuntos originando a descriminação.

Outro grave pressuposto gerado na ignorância é a ideia de que o medium não sabe reconhecer as entidades de Luz das negativas, e que só os ignorantes se dedicam ao esoterismo e consultam mediuns. Nos encontros com outros mediuns tenho conhecido pessoas de diversas origens sociais e áreas profissionais - dois amigos que trabalham em conjunto, um é advogado e vive luxuosamente e o outro é mecânico numa garagem. Fiquei certa do quanto o charlatanismo prejudica os verdadeiros mediuns. Mas, se formos a um dentista que nos faça sofrer e nos crie problemas pela sua incompetência nunca mais na vida vamos ao dentista e dizemos que eles são todos uns vigaristas?

A mediunidade permite o intercâmbio entre as duas dimensões principais que formam a nossa vida: a material (Corpo) e a imaterial (Espírito). A intuição não é um "truque", ela faz parte da natureza humana e opera no lado direito do cérebro, responsável pelas emoções. Quando uma mensagem intuitiva surge na mente, o lado direito do cérebro encaminha essa mensagem para o lado esquerdo, que é ligado ao intelecto e à razão. No momento em que essa informação é interpretada, o organismo liberta substâncias químicas que estimulam a actividade cerebral. Por isso, a pessoa tem a impressão de que algo vai acontecer. Nesse instante, sente o coração bater mais rápido, pode suar e ficar com a pele avermelhada ou ter visões.

Esse processo é explicado pela neurologia. Porém, os místicos têm outra explicação; para eles, a intuição é "soprada" pelo plano Divino, seja por meio dos Anjos ou de "Espíritos do Bem". Esses seres de luz beneficiam as pessoas com a capacidade de intuir para que elas se apeguem menos aos bens materiais e possam reconhecer a importância dos valores espirituais para a sua evolução.

Alguns místicos vão mais além, segundo eles, é possível não apenas usar a intuição para receber auxílio no presente, como também recorrer a esse dom para lembrar acontecimentos experimentados noutras vidas, corrigindo os erros do passado. Por algum motivo, a sua memória é activada para que, possa "acertar as contas" na existência actual e prosseguir no desenvolvimento espiritual.

Os sonhos também podem ser canais de expressão da sua intuição, muitas vezes, as forças espirituais transmitem conselhos ou avisos durante o sono. Mas os sonhos não são apenas mensageiros de eventos infelizes, são conhecidos casos de cientistas que afirmaram que fizeram grandes descobertas através de mensagens recebidas enquanto dormiam. Friedrich Kekulé em 1865, sonhou com uma estranha cadeia molecular, acordou assustado, porque o sonho tinha-lhe revelado a fórmula do benzeno. Eu muitas vezes recorro ao sonho para obter respostas de que necessito, acordada persigo aquilo que vi no sonho e por vezes queria que tivesse sido um mero sonho fantasioso.

Pode "ouvir" o que os seus sonhos dizem. Habitue-se a anotar num caderno as imagens trazidas pelo inconsciente assim que acordar. Dessa forma, ficará mais próximo das suas emoções e, portanto, mais sensível ao poder da sua intuição.

A história está repleta de factos curiosos que atestam a validade da intuição. É preciso estar preparado para conviver com uma intuição forte, pois nem sempre as mensagens são agradáveis. Tendemos a ficar deprimidos quando reconhecemos a nossa impotência diante de factos que conseguimos prever, mas que não podemos nem devemos tentar evitar. Quando somos pouco experientes, muitas vezes ficamos com a impressão de que fomos nós que provocámos aquele facto, o que não é verdade. Por essa razão, o medium tem que encontrar uma pratica diária que o volte a elevar; podem ser rituais e exercícios espirituais como os mantras, orações, meditação e boas leituras e práticas de vida, para que o espírito possa suportar a carga emocional que acompanha essas premonições. De outra forma fico "perdida" na indignação que me causam certas visões, por vezes sofrendo por antecipação.

O êxito do trabalho intuitivo e mediúnico depende muito mais da fé profunda na Luz divina, da renúncia, desinteresse, humildade e ternura de seus praticantes do que de qualquer manifestação espetacular, que empolga os sentidos físicos mas que não encaminha o espírito ao Bem nem trás desenvolvimento.

Frequentemente perguntam se a intuição é apenas um dom ou pode ser desenvolvida, e a resposta é : Intuição é um dom que tem ser exercitado para desenvolver-se.

Já sabemos que todos têm alguma intuição, basta exercitá-la, acredite mais nos seus pressentimentos e saiba que nem tudo no Universo tem explicação científica que esteja agora ao nosso alcance. Com o desenvolvimento das tecnologias e investigações segundo o método científico, penso que isto mudará brevemente. Para activar o seu dom, fique algum tempo só em meditação e análise, não seja tão racional e explore o auto-conhecimento, preste mais atenção à sua voz interior livre de limitações sociais ou outras. Enfrente-se, explore-se e não receie fazer um rol dos seus erros e comportamentos intolerantes. Descobrirá um Universo maravilhoso no seu interior!

Os Anjos da guarda protegem-nos e acompanham-nos a cada dia. Esse acompanhamento também está presente nas consultas e sessões espíritas. Sim, nesses momentos entramos numa corrente espiritual onde espíritos sem luz e perturbados, confusos, tentam intrometer-se. Chamo-lhes o lixo universal, os ecos negros da má conduta humana. Além dos Guias e das entidades do bem que nos protegem, a presença do Anjo antes e depois da incorporação é muitíssimo importante pois o medium abriga-se na sua luz e fica protegido durante a incorporação pois trabalha pelo bem e pela Luz. Muitas vezes não me recordo de nada e pergunto depois ao meu Anjo e ao meu Guia o que se passou. É importante não nos basearmos apenas nos relatos de terceiros. Antes de desenvolver esta prática fazia confusões e perdia informação que não conseguia recuperar conscientemente. Nos inexperientes também ocorrem confusões entre factos ocorridas em diversas vidas. Mais tarde falarei sobre estas questões.

Quando uma pessoa é atingida por energias negativas fruto de um trabalho contra o bem estar dela, contra a sua harmonia e qualidade de vida física e espiritual, o primeiro reflexo que se nota é o afastamento do seu Anjo, deixando a pessoa vulnerável. Porquê? Porque esta manipulação leva a pessoa a adoptar comportamentos que são contrários à natureza do Anjo, e como a pessoa não tem consciência disto não o invoca, não clama pelo seu auxilio.

É comum que o médium, quando se vê à frente de uma pessoa assim afectada, peça o fortalecimento do Anjo, ou seja, restabeleça e estreite o laço de Luz entre a pessoa e o seu Anjo. Por vezes, basta restaurar este elo para que toda a negatividade se dissipe.

Eu própria fui resgatada da “negatividade encomendada” onde, por ignorância minha, permaneci um longo período de tempo. Aquilo que sinto agora, é que durante o transe, no momento da desincorporação dessa entidade, o meu Anjo voltou a aproximar-se, não deixando a minha matéria desprotegida. Aqui, é muito importante a experiência do médium, ou de quem conduz a sessão, para que a troca se dê sem que o médium fique exposto a outra entidade negativa que substitua a que partiu. A minha vida sofreu uma reviravolta de forma a recolocar-me no meu caminho. Este processo não se compadece dos julgamentos de terceiros e muito foi aniquilado na reposição da ordem. Algo finaliza abruptamente para que se abram os portões da vida, do conhecimento e do desenvolvimento.

Uma preciosa ajuda que um médium pode dar é este repor da relação entre o indivíduo e as protecções espirituais que influenciam o corpo físico e a vida material. Na cultura africana as médiuns que o fazem são conhecidas como benzedeiras. Eu herdei o dom da minha avó materna que partiu antes de me iniciar mas que encontrou forma de me orientar.

  

No meu entender, a intuição, aquela voz interior que alerta e nos protege, não é mais do que o sussurro dos nossos Guias e Anjos. Por isso, nunca devemos subestimar a nossa intuição e as mensagens codificadas nos sonhos.

O Anjo da Guarda é visto como o Mentor da nossa consciência e integridade física e espiritual, por isso, tudo o que o afaste remete-nos para o vazio, para a frustração, a cegueira psicológica e espiritual. Longe dele, será também muito difícil concretizar com sucesso qualquer tarefa ou negócio enquanto que muitas pessoas indesejáveis surgirão na nossa vida,  tentando iludir-nos e retirar-nos Luz e liberdade.