O pecado dos Anjos – crime, castigo e atributos dos demónios
Como poderia o anjo ter
pecado, uma vez que ele não está sujeito às paixões ou ao erro de entendimento,
como nós homens?
"Como compreender
semelhante opção e rebelião a Deus em seres de tão viva inteligência?” —
pergunta João Paulo II.
O Pontífice responde: “Os
Padres da Igreja e os teólogos não hesitam em falar de cegueira, produzida pela
supervalorização da perfeição do próprio ser, levada até ao ponto de ocultar a
supremacia de Deus, a qual exigia, ao contrário, um acto de dócil e obediente
submissão. Tudo isto parece expresso de maneira concisa nas palavras: "Não
servirei" (Jer 2, 20), que manifestam a radical e irreversível rejeição de
tomar parte na edificação do reino de Deus no mundo criado. Satanás, o
espírito rebelde, quer o seu próprio reino, não o de Deus, e levanta-se como o
primeiro adversário do Criador, como opositor da Providência, antagonista da
sabedoria amorosa de Deus” (Apud Mons.C.
Balducci, El díablo, p. 20.)
E o Papa explica que os
Anjos, por serem criaturas racionais, são livres, isto é, têm a capacidade de
escolher a favor ou contra aquilo que conhecem ser o bem: “Também para os Anjos
a liberdade significa possibilidade de escolha a favor ou contra o bem que eles
conhecem, quer dizer, o próprio Deus”. (João Paulo II, Mcm, ibidem). Criando os
Anjos racionais e livres, quis Deus que eles - com o auxílio da graça - fossem
os agentes da sua própria felicidade ou da sua perda, caso cooperassem ou
resistissem à graça. Para que merecessem a felicidade eterna, submeteu-os a uma
prova.
É de fé a prova a que todos
os espíritos angélicos foram submetidos. Entretanto, não sabemos qual teria
sido essa prova. Os teólogos procuram decifrar qual teria sido.
E qual teria sido o pecado
dos que sucumbiram à prova? O pecado da soberba.
Acredita-se comummente que
tenha sido um pecado de orgulho, de soberba, pois a Escritura diz que “foi na
soberba que teve início toda a perdição” (Tob 4, 14).
Santo Atanásio (séc. IV)
afirma-o explicitamente: "O grande remédio para a salvação da alma é a
humildade. Com efeito, Satanás não caiu por fornicação, adultério ou roubo, mas
foi o seu orgulho que o precipitou no fundo do inferno. Porque ele falou assim: "Eu subirei e
colocarei o meu trono diante de Deus e serei semelhante ao Altíssimo" (Is
14, 14). E foi por estas palavras que ele caiu e que o fogo eterno se tornou a
sua sorte e a sua herança”.(Apud Card. P. Gasparri, Catechisme Catholique pour
Adultes. p. 345.)
Em que teria consistido
essa soberba?
Segundo São Tomás de Aquino,
essa soberba consistiu no facto dos Anjos maus desejaram directamente a bem-aventurança
final, não por uma concessão de Deus, por obra da graça, e sim pela sua virtude
própria, como mera decorrência da sua natureza. Desse modo, quiseram manifestar
a sua independência em relação a Deus; eles recusaram assim a homenagem que
deviam a Deus como seu criador e desejaram substituir-se a Ele e ter o domínio
sobre todas as coisas: ser como deuses (cf.Gen 3,5).
São Tomás faz igualmente
referência à seguinte passagem de Isaías — referente ao rei da Babilónia, mas
geralmente aplicada a Satanás — para ilustrar o pecado dele e dos Anjos maus
que o acompanharam na revolta: “Como caíste do céu, ó astro brilhante (em
latim: “Lúcifer”), que, ao nascer do dia brilhavas? ... Que dizias no teu
coração: ... serei semelhante ao Altíssimo” (Is 14, 13-14).
O pecado de Lúcifer, e dos
Anjos que se revoltaram com ele, teria sido um pecado de soberba, ou seja de
complacência na própria excelência, com menosprezo da honra e respeito devidos
a Deus.
Estes elementos encontram-se
em todo o pecado — explica o Pe. Bujanda — pois quem ofende a Deus prefere a
própria vontade em vez da vontade divina, e nela se compraz.
Revelação da Encarnação do Filho de Deus
Não está formalmente revelado
no que consistiu exactamente a prova dos Anjos; os teólogos fazem hipóteses
teológicas, como a de São Tomás, exposta acima. Francisco Suárez, teólogo
jesuíta do século XVII, levanta outra hipótese: a prova dos Anjos teria
consistido na revelação antecipada por Deus, da Encarnação do Verbo. Os Anjos
maus teriam-se revoltado contra a submissão em que ficariam em relação à
natureza humana do Verbo Encarnado, a qual, enquanto natureza, seria angélica.
Uma variante dessa hipótese é
a que afirma que Lúcifer e os Anjos revoltados não quiseram submeter-se à Mãe
do Verbo Encarnado, porque a sua dignidade ficaria colocada acima dos próprios
Anjos, embora ela fosse inferior a eles pela sua natureza humana. Essa
hipótese, entretanto, está ligada a uma outra questão: se o Verbo se teria
encarnado mesmo sem o pecado de Adão.
Suárez, com algumas adaptações, segue a opinião de Duns Escoto e de Santo Alberto Magno, a qual sustenta que sim; São Francisco de Sales também participa dessa opinião. São Tomás, porém, é de outro parecer. Argumenta ele: "Seguindo a Sagrada Escritura, que por toda a parte apresenta como razão da Encarnação o pecado do primeiro homem, é conveniente dizer-se que a obra da Encarnação está ordenada por Deus como remédio contra o pecado. De tal modo que, se não existisse o pecado não teria havido a Encarnação, embora a potência divina não esteja limitada pelo pecado, podendo, pois, Deus encarnar-se, mesmo que não houvesse o pecado” (Suma Teológica, 3, q. 1, a. 3.)
Também eu creio que mesmo que Eva e Adão não tivessem violado a ordem divina, mesmo que não tivesse ocorrido a queda dos Anjos, o Verbo teria encarnado. Cristo viria à Terra para nos inspirar e congratular com a Luz divina.
São Boaventura reconhece que a opinião tomista é mais consoante com a Fé, enquanto a outra favorece mais a razão. (In III Sent., Dist.I,a.2,q.2.) Embora ambas as opiniões sejam sustentáveis, o comum dos Doutores acha que a hipótese tomista é mais provável, sendo predominante entre os Santos Padres.
Suárez, com algumas adaptações, segue a opinião de Duns Escoto e de Santo Alberto Magno, a qual sustenta que sim; São Francisco de Sales também participa dessa opinião. São Tomás, porém, é de outro parecer. Argumenta ele: "Seguindo a Sagrada Escritura, que por toda a parte apresenta como razão da Encarnação o pecado do primeiro homem, é conveniente dizer-se que a obra da Encarnação está ordenada por Deus como remédio contra o pecado. De tal modo que, se não existisse o pecado não teria havido a Encarnação, embora a potência divina não esteja limitada pelo pecado, podendo, pois, Deus encarnar-se, mesmo que não houvesse o pecado” (Suma Teológica, 3, q. 1, a. 3.)
Também eu creio que mesmo que Eva e Adão não tivessem violado a ordem divina, mesmo que não tivesse ocorrido a queda dos Anjos, o Verbo teria encarnado. Cristo viria à Terra para nos inspirar e congratular com a Luz divina.
São Boaventura reconhece que a opinião tomista é mais consoante com a Fé, enquanto a outra favorece mais a razão. (In III Sent., Dist.I,a.2,q.2.) Embora ambas as opiniões sejam sustentáveis, o comum dos Doutores acha que a hipótese tomista é mais provável, sendo predominante entre os Santos Padres.
Santo Agostinho afirma: “Se o
homem não tivesse caído não se teria feito carne” (Serm. 174,2.)
Em favor dela fala igualmente
o Símbolo dos Apóstolos, isto é, o
Credo, quando proclama: “O Qual [o Verbo], por nós homens, e por nossa
salvação, desceu dos céus “. Também a liturgia pascal, que canta: “Ó culpa
feliz, que nos mereceu um tal Redentor!"
O Pe. Christiano Pesch S.J.
diz que a posição tomista de tal modo se tornou comum, que hoje há poucos
defensores da exposta por Suárez, quanto à Encarnação do Verbo. Daí decorreria
que a hipótese de Suárez com relação ao pecado dos Anjos ficaria também
prejudicada. (C. Pesch 53, De Angelis, III, p. 71; cf. também Mons. P. Parente.
Incarnazioni, col 1.751; I. Solano, De Verbo incarnato, pp. 15-24).)
A obstinação dos demónios
Nós homens temos uma certa
dificuldade psicológica em compreender que os demónios, por um só pecado,
tenham sido condenados eternamente, enquanto Adão e Eva puderam ser perdoados.
Por isso, desde os primeiros tempos do Cristianismo, não faltaram autores que
sustentaram a possibilidade de reconciliação dos Anjos caídos com Deus.
Essa doutrina foi condenada
pela Igreja e São Tomás explica a razão pela qual, para eles, isso não é possível:
- Em primeiro lugar porque a
prova a que os Anjos foram submetidos, a fim de merecerem a bem-aventurança
eterna, teve para eles o mesmo efeito que tem para nós homens a morte; ou seja,
encerra o período em que podemos adquirir méritos, e introduz-nos na vida
eterna, imutável por natureza.
Faço aqui um reparo porque sou Cristã mas não me identifico com a Igreja Católica. A consideração anterior rejeita a hipótese de existir reencarnação e consequente aperfeiçoamento da alma. A Igreja nega este caminho até à Luz divina, encerrando o homem nesta dimensão julga-o e condena-o, o que só a Deus compete.
- Em segundo lugar, por causa
da natureza angélica: os Anjos, uma vez feita uma escolha, não podem voltar
atrás, seja para o bem, seja para o mal. Eles não estão sujeitos à mobilidade
das paixões humanas, a sua inteligência é perfeita, de modo que eles não podem
fazer escolhas provisórias, como o homem. Antes de fazer uma escolha, o anjo é
perfeitamente livre; feita a sua vontade ele adere a ela para sempre, pois
todas as razões que o levaram a fazer essa escolha já estavam perfeitamente
claras para ele antes de optar.
Os Anjos bons, tendo sido
fiéis, passaram a gozar da bem-aventurança eterna; os Anjos maus ou demónios
foram precipitados no inferno, no reino negativo, por toda a eternidade.
O lugar de condenação dos demónios
O Inferno
A tremenda realidade do
inferno, como lugar criado para os demónios e os malditos, é atestada pelo
Divino Salvador ao falar do Juízo Final: “Apartai-vos de mim, malditos, para o
fogo eterno, que foi preparado para o Demónio e para os seus Anjos” (Mt 25,41).
São Pedro ensina que Deus não perdoou aos Anjos que pecaram e precipitou-os no
tártaro, para serem atormentados (2 Ped 2, 4).
E São Judas escreve que Deus
“prendeu em cadeias eternas, no seio das trevas“, os Anjos prevaricadores (Jud
v. 6). Assim como o lugar para os Anjos bons é o Céu, para os demónios é o
inferno. O Inferno será uma metáfora pois os demónios têm dois lugares de
tormento: um composto pela sua culpa, que é o inferno ardente. O outro, em função das
tentações a que submetem os homens, é a atmosfera negativa tenebrosa onde se movem, pelo
menos até terminar o mundo.
Os demónios dos ares
A doutrina de que os demónios
vagueiam pelos ares para tentar os homens é claramente afirmada por São Paulo
na Epístola aos Efésios: “O príncipe que exerce o poder sobre este ar... os dominadores deste mundo tenebroso, os
espíritos malignos espalhados pelos ares” (Ef 2,2; 6, 12).
E é confirmada pela Igreja,
por exemplo, na oração a São Miguel Arcanjo, que o Papa Leão XIII compôs e
mandou recitar ao fim da Missa, na qual invoca o Príncipe da milícia celeste, Arcanjo Miguel,
para que — pelo divino poder — precipite no inferno "a Satanás e aos
outros espíritos malignos que andam pelo mundo para perder as almas”.
A “hierarquia” entre os demónios
Entre os demónios existe urna
“hierarquia”, que decorre do facto de, sendo Anjos, uns terem a natureza mais
perfeita do que outros. Por isso se diz que Satanás é o príncipe, o chefe dos
demónios.
Não que exista entre eles uma
submissão por amor ou respeito, como na verdadeira hierarquia dos Anjos. Os demónios
odeiam-se mutuamente e só se unem circunstancialmente para atormentar os
homens. É o mesmo que — explica São Tomás — se dá entre os homens maus: eles
formam quadrilhas e submetem-se a um chefe, apenas como um meio para melhor
cometerem seus roubos ou homicídios contra os homens honestos (Suma Teológica,
1,Q. 109, A.1-2.)
Os nomes dos demónios
Os judeus não tinham uma
palavra específica para indicar os espíritos malignos; a designação geral de
demónio para os Anjos caídos vem da versão grega do Antigo Testamento. A
palavra daimon, entre os gregos, designava os seres com forças sobre-humanas,
especialmente os maléficos. A palavra hebraica "Satan" significa adversário,
acusador.
Satanás, o chefe dos
demónios, é também conhecido nas Escrituras como o Diabo (do grego diábolos, que
quer dizer caluniador). Nas Sagradas Escrituras aparecem os nomes de vários
demónios: Azazel, demónio que habita o deserto (Lev 16, 8-10, 26); Asmodeu, que
matou os sete maridos de Sara (Tob 3, 8); o nome Belzebu (ou Beelzebul, cuja
significação parece ser “deus do esterco”, nome com que os rabinos indicariam
os sacrifícios oferecidos aos ídolos ) é apresentado como sinónimo para Satanás
ou príncipe dos demónios (Mt 12, 14; Mc 3, 22-26); Lúcifer foi a palavra
escolhida na Vulgata* para traduzir para o latim a expressão “astro
brilhante" ou “estrela brilhante”,
da profecia de Isaías (Is 14, 12), que costuma ser interpretada como uma
referência à queda do Demónio - em geral esse apelativo é utilizado igualmente
como sinónimo de Satanás.
* Chama-se Vulgata a tradução
latina da Bíblia feita em grande parte por são Jerónimo, que iniciou seu
trabalho por volta do ano 384. Essa tradução latina foi aperfeiçoada por
iniciativa da Santa Sé, dando origem a chamada Vulgata Sixto-Clementina
publicada em 1592 pelo Papa Clemento VIII, em uso ainda hoje.
(Fonte: “Anjos e Demónios - A Luta Contra o Poder das Trevas”, Gustavo Antônio
Solímeo - Luiz Sérgio Solímeo)
Psicologia do demónio
"Ele foi homicida desde
o princípio e não permaneceu
na verdade é mentiroso e pai
da mentira".
(Jo 8,44)
Com base nas Sagradas
Escrituras e em outras fontes, poderíamos ressaltar alguns aspectos da
psicologia de Satanás e dos seus Anjos malignos. Embora os demónios sejam
diferentes entre si, assemelham-se no seu desejo de fazer o mal e na sua
natureza caída; por isso o que é dito a respeito de Satanás, seu chefe, pode-se
dizer dos outros demónios.
Uma vontade pervertida
Os demónios, puros espíritos,
como Anjos que são, não têm as fraquezas e as debilidades dos homens, por isso
a sua revolta contra Deus é permanente, imutável, eterna. A sua vontade, ao
deixar de ter como objecto o Sumo Bem, tornou-se uma vontade pervertida fixada
no mal. Dessa forma, os demónios não desejam senão o mal em todos os seus actos
voluntários, e mesmo quando fazem algum bem (como, por exemplo, restituir a
saúde a alguém, obter-lhe riquezas ou ensinar-lhe algo), fazem-no apenas para daí
tirar o mal, conduzir a pessoa à perdição eterna, que é a única coisa que
almejam para os homens. Tendo sido criados bons por Deus, a sua natureza ainda
continua boa em si mesma; porém, eles tornaram-se seres pervertidos na sua
vontade, não procurando o seu fim último, que é o serviço e a glória de Deus,
mas justamente o contrário, isto é, tudo fazer para impedir que Deus seja
glorificado. Não podendo atingi-Lo directamente, eles procuram agir sobre as
criaturas de Deus, na medida em que Ele o permita.
Homicida e mentiroso— Astuto,
falso, enganador
O divino Redentor resumiu em
poucas palavras a psicologia diabólica: “Ele foi homicida desde o princípio, e
não permaneceu na verdade; porque a verdade não está nele; quando ele diz a
mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira"
(Jo 8, 44). O demónio é homicida e o pai da mentira, o mentiroso por excelência
que odeia a verdade, porque a verdade conduz-nos a Deus: "Eu sou o
caminho, a verdade, a vida” (Jo 14, 5); ele odeia o Criador e, tendo-se
separado de Deus, separou-se para sempre da verdade e da vida. É através da
mentira que ele dá a morte, a morte espiritual.
Santo Agostinho, a respeito
da afirmação de Jesus de que o demónio é homicida e mentiroso, comenta:
“Perguntamos ao diabo de onde veio, desde o princípio, o ser homicida e
responde que matou o primeiro homem, não enterrando-lhe o punhal ou
infligindo-lhe qualquer outro dano no corpo, mas persuadindo-o a que pecasse
precipitando-o da felicidade do paraíso”. (Apud J. MALDONADO S.J., Comentarios
a los Cuatro Evangelios, p. 563)
Pe. João Maldonado, erudito jesuíta do século XVI, observa sobre essa mesma frase - “Porque é mentiroso e pai da mentira” (Jo 8,
44): “A maior parte dos autores entendem isto daquelas palavras que o diabo
disse a Eva: ‘Sereis como deuses, conhecendo o bem e o mal.’ (Gen 3, 5);
palavras em que evidentemente mentiu; quer dizer, uniu a mentira com o
homicídio (espiritual), perpetrando os dois crimes ao mesmo tempo. ... Chama-se
ao diabo pai da mentira porque é ele o autor e inventor da mesma, de tal modo
que pode dizer-se que deu à luz a ela”
(J. MALDONADO S.J., op. cit., pp. 564-566). Quando tenta o homem,
procurando afastá-lo de Deus, ele mente apresentando uma falsa imagem da
realidade, escondendo os seus verdadeiros fins e enredando a sua vítima no
engano, no sofisma e na falsidade.
Ele é astuto, falso,
enganador
“Satanás distingue-se pela
sua astúcia — escreve Mons. Cristiani. O que quer dizer esta palavra? A astúcia
é um artifício enganador. O ser que age por astúcia tem más intenções. Se ele
fala, não é para dizer a verdade, mas para enganar, para conduzir ao erro, à
inverdade. Satanás é falso. Não se pode confiar nele. O que falta antes de tudo
nele é a equidade, a lealdade, a franqueza. Ele é equivoco, voluntariamente
obscuro e dissimulado” (Mgr L. CRISTIANI, Présence de satan dons le monde
moderne, p. 306.)
Soberba demencial, inveja mortal
Por trás dessa dissimulação
esconde-se o seu desejo oculto, assim expresso por Mons. Cristiani: “Ser como
Deus! Este acto de orgulho é o fundo da psicologia de Satanás! ... ‘Vós sereis
como deuses!’ Ele próprio, na sua queda, considera-se como um deus.
O seu orgulho não está morto.
O orgulho levado até à adoração de si mesmo é o que faz o demónio voltar-se
contra o Criador. É o orgulho que, tendo-o afastado de Deus, fez dele o
Adversário. No livro do Eclesiástico esta consequência do orgulho é posta em
evidência: ‘O princípio do orgulho é abandonar o Senhor e ter o seu coração
afastado do Criador, porque o princípio do orgulho é o pecado, aquele que se
entrega a ele espalha a abominação.‘ (Ecli 10, 12-13).
Compreendemos, então, porque
Jesus Cristo, que é a Via, a Verdade, a Vida, tenha definido Satanás como o Pai
da mentira, o homicida desde o começo. E, para nós, este termo de homicida
longe de ser excessivo, não diz senão um aspecto da verdade total: Satanás é,
com efeito, acima de tudo, o DEICIDA!” (Mgr L. CRISTIANI, op. cit., p. 308.)
O orgulho de Satanás e dos
seus Anjos malignos não conhece limites: "Que orgulho demencial - comenta
ainda Mons. Cristiani - nessa palavra de Satanás a Cristo, mostrando-lhe em
espírito todos os reinos da terra: ‘Tudo isto eu te darei se prostrado por
terra me adorares!´O fundo último da ambição satânica é este: Tirar a Deus os
seus adoradores e fazer convergir as adorações dos homens para ele próprio!
"Resumamo-nos: o
orgulho, a vontade de se fazer deus, a astúcia, a inveja e o ódio do homem,
tudo isto desemboca na mentira, no homicídio, no deicídio: eis Satanás!”. (Mgr
L.Cristiani, op. cit., p. 308.)
Não lhe importam as derrotas
que sofre continuamente, nem mesmo a final e definitiva a que está condenado; a
sua soberba satisfaz-se com os pequenos triunfos que obtém, no esforço de levar
as almas à eterna perdição.
Comenta o Cardeal Lepicier:
“Escudado na satisfação de certas vitórias parciais e na esperança de grandes
triunfos e, ao mesmo tempo, não se preocupando com as vergonhosas derrotas
sofridas, Satanás prossegue loucamente na sua faina de tentar arrastar as almas
para a eterna perdição. O seu pendão está sempre erguido e o seu grito
insensato de desafio e revolta ouve-se por toda parte: ‘Eu não quero servir! ‘
(Jer 2, 20)”. (Card. A.Lepicier. O Mundo invisível p. 240.)
O pai da vulgaridade
Outro aspecto da psicologia
maldita do demónio é a vulgaridade. Odiando a Deus, ele odeia tudo aquilo que é
verdadeiro, belo, bom. Ele odeia a compostura, a dignidade, a seriedade, a
serenidade.
O abade João Cassiano já
observava no século V: “Não há dúvida de que existe entre os espíritos impuros
o que o vulgo chama espíritos vagabundos, que são antes de tudo sedutores e
bufões. Eles postam-se constantemente em certos lugares e divertem-se em
enganar, muito mais do que em atormentar, aqueles que eles encontram. Eles contentam-se em fatigá-los com os seus
escárnios e as suas ilusões..." (Apud Mgr L. Cristiani, op. cit., p.
311.).
Mons. F. M. Catherinet,
demonólogo francês, ao analisar a acção dos demónios, segundo as narrações
evangélicas, traça deles o seguinte perfil:
"Medrosos, obsequiosos, poderosos, malfazejos, versáteis e mesmo
grotescos... (Mgr F. M. Catherinet, Les Démoniaques dans l´Évangile, P.319. )
Em carta a Mons. Cristiani, o
Pe. Berger-Bergès, famoso exorcista, escreve:
"Vós me perguntais... qual é a psicologia de Satanás, quando ele
está submetido à acção dos exorcismos... É preciso definir e resumir a
psicologia de Satanás por estas palavras:
orgulho, desprezo pela sua vítima, tenacidade!" | (Mgr L.
Cristiani, op. cit., p. 312.)
(Fonte: “Anjos e Demónios - A Luta Contra o Poder das Trevas”, Gustavo Antônio
Solímeo - Luiz Sérgio Solímeo)
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