Os oráculos podem ser instrumentos dos Anjos?
Há mais de 40.000 anos, as
tribos mais antigas conseguiam entrar em contacto com o Mundo Espiritual de
diversas maneiras. Os sacerdotes comunicavam com os espíritos dos antepassados,
em busca de conselhos e indicações, enquanto dormiam ou durante rituais que
envolviam ervas capazes de alterar o estado de consciência dos participantes.
Os antigos xamãs também eram capazes
de entrar em contacto com o Reino Espiritual através de oráculos e rituais de
conjuração de seres a que eles chamavam Elementais.
Nas religiões Aborígenes e nas Tribais
Africanas, os nativos possuem o mesmo nome para designar o “Reino dos Sonhos” e
o “Reino dos Mortos”. Nestas religiões, os deuses e os espíritos iluminados
conseguem comunicar com os sacerdotes através da mediunidade deles (fazendo
conexões com os chakras dos médiuns, os espíritos conseguem agir através do
corpo de um médium). Além dos espíritos, outras entidades astrais (chamadas
Devas pelos hindus, Orixás pelos afro-brasileiros, Elementais pelos celtas…)
também são capazes de incorporar um médium que seja capaz de recebê-los.
Entre os gregos, as
sacerdotisas de Hecate também eram conhecidas pelo nome de Ptionísia ou Oráculo,
e conseguiam estabelecer um contacto entre os vivos e os mortos para obter
conselhos e previsões.
Da Grécia, os oráculos
chegavam até praticamente todos os pontos do mundo conhecido. Rituais de magia
que lidavam com o astral são descritos em diversos poemas e praticados por
comandantes, soldados e sacerdotes iniciados.
Pela mão dos romanos e dos
celtas, este conhecimento também se expandiu pela Europa, onde as magas
utilizavam este contacto para conversar com os antepassados, conjurar
elementais e adquirir conhecimento e iluminação. As belíssimas obras de arte
deixadas por todos estes povos são um retrato claro da interação entre vivos e
mortos, espíritos e sonhadores, deuses e mortais. Refiro-me aos templos, às
artes-plásticas, aos manuscritos, aos adornos…
Os nórdicos possuíam lendas a
respeito das Valkírias, dos Einherjar, das runas e de toda a estrutura de contacto
entre os encarnados e os espiritos. As suas lendas reflectem um profundo conhecimento dos
iniciados a respeito da Árvore da Vida.
O próprio Jesus Cristo
(Yeshua) é retratado em diversos Apócrifos como tendo “escrito nas areias”
antes de responder aos questionamentos de alguns homens que o procuravam. Como
Essénio, é muito claro que ele era também um Mestre de Geomancia, que
basicamente consiste em riscar traços na areia num estado alterado de
consciência e depois decodificar a mensagem recebida.
A Geomancia tradicional
funciona com base na estrutura simbólica da Árvore de Jacob, ou seja, utilizam-se
quatro níveis que através da meditação, resultam em símbolos que podem ser
codificados como “zeros” ou “uns”. A partir destas combinações temos desde
(1-1-1-1 – Via) até (2-2-2-2 – Populus), cada um associado aos sete planetas
tradicionais (mercúrio, vénus, marte, júpiter, saturno, lua e sol) e o dragão
(cauda e cabeça) que representa a própria escada de Jacob. Cada planeta aparece
no seu aspecto solar (yang) ou lunar (yin), totalizando 16 combinações
possíveis.Como a sequência divinatória completa envolve também os quatro mundos
(espiritual, emocional, mental e físico), temos um total de 16 x 4 = 64
combinações (curiosamente e “coincidentemente” o mesmo resultado dos trigramas
do I-Ching, dos 64 codões do DNA…). Mais uma vez temos a mesma coisa com nomes diferentes, em culturas
diferentes, com diferentes graus de conhecimento.
De acordo com a visão
judaica, o Urim e o Tumim remontam ao Sumo Sacerdote de Israel. A placa
peitoral que utilizava era dobrada ao meio, formando um bolso onde ficava um
pergaminho contendo o nome de Deus. Este nome fazia com que certas letras
gravadas sobre as pedras preciosas acendessem de acordo com as questões
perguntadas. Aquele que desejava uma resposta (apenas questões de relevância
dentro da comunidade israelita poderiam ser perguntadas) ia ao sumo sacerdote .
Este virava-se para a arca da aliança, e o inquiridor de pé atrás do
Sumo-Sacerdote fazia a pergunta em voz baixa. O sumo sacerdote, olhando para as
letras que se acendiam, era inspirado para decifrar a resposta de Deus. Estes
utensílios foram utilizados até a destruição do Primeiro Templo, altura em que
pararam estas consultas.
Geralmente os cristãos crêem
que Urim e Tumim fossem duas pedras colocadas na placa peitoral do Sumo Sacerdote
de Israel, contendo numa face a resposta positiva e noutra a resposta negativa.
Era como atirar a moeda ao ar, cara é sim e coroa é não. Alguns personagens
bíblicos e, posteriormente, diversos rabinos, utilizavam duas pedras, uma
branca e uma negra, que ficavam num saco especialmente preparado, para fazer as
vezes de oráculo. Podemos encontrar diversas referências bíblicas a respeito
deste antigo método oracular (Exodo 28:30, Levítico 8:8, Números 27:21,
Deuteronômio 33:8, Samuel 28:6, Esdras 2:63 e Neemias 7:65).
As pedras brancas e negras
faziam também o papel dos traços na areia, e começaram a ser também usadas como
um auxílio à Geomancia. Ao invés de riscar os traços na areia, o consulente
pegava num saco pedras brancas ou negras e fazia as combinações necessárias (de
maneira semelhante às moedas do I-ching).
Com a associação das letras
e números do alfabeto hebraico (também chamada Gematria), os Pitagóricos e
alguns Oráculos utilizavam ossos esculpidos para representar as letras (que por
sua vez também representavam planetas, signos, elementos e imensa informação
que é simbolizada por cada elemento).
Pergunta-se qual
seria o elo de ligação entre o Urim e Tumim, as Runas e o Tarot?
A resposta, por mais prosaica
que possa parecer, remete-nos sempre para os inocentes e singelos jogos. Os dados
tanto são usados como oráculos como são utilizados como jogos de azar. A sua
manipulação está registada desde o Mahabharata até aos Salmos (salmo 22:18,
“repartem entre si minhas vestes, e sobre a minha túnica lançam sortes”).
Para substituir as duas
pedras de Urim e Tumim, eram arremessados dois dados, numerados de 1 a 6. O
número de combinações possíveis é de 21 (1-1, 1-2, 1-3, 1-4, 1-5, 1-6, 2-2,
2-3, 2-4, 2-5, 2-6 e assim por diante) totaliza 21, o famoso jogo de casino, com
algumas jogadas com maiores possibilidades do que outras, os chamados “duplos”,
entre eles o famigerado “Snake eyes”, equivalente ao arcano do Diabo).
Os dominós nada mais são do
que estas 21 jogadas de dados colocadas lado a lado. Posteriormente, alguns
jogos de dominó passaram a contar também com uma das casas vazias, para simular
o lançamento de apenas um dado, elevando o total de possibilidades para 28.Tudo
o que restou desta transição nos baralhos modernos foram justamente as figuras
da corte, que aparecem “divididas” ao meio, tal qual as peças de dominó.
Das 16 pedras originais, os
celtas e os nórdicos desenvolveram a estrutura que ficou conhecida como “Elder
Futhark”. As primeiras referências que temos do uso de runas datam de 150 DC. E
eram compostas por 24 letras, parcialmente adaptadas do alfabeto grego e do
romano. Muitos pensam que as runas eram exclusivas dos nórdicos, mas não,
existiam também jogos de runas baseadas no alfabeto Etrusco composto por 20
símbolos.
As runas, chamadas “folhas de
Yggdrasil”, foram os segredos passados a Odin durante os nove dias que ficou
espetado pela própria lança na “Árvore dos Mundos”. Cada uma das 24 runas
representa um Caminho dentro da Árvore da Vida, mais duas runas que representam
Yesod e Malkuth. Além disso, cada conjunto de runas possui a sua própria
mitologia envolvendo diversos deuses nórdicos.
Os celtas tinham a sua
própria versão das runas, que usavam também para confeccionar talismãs. O
problema é que as runas celtas eram tradicionalmente esculpidas em galhos
cortados de macieiras, o que fez com que pouquíssimos exemplares fossem
preservados nos museus. Os nórdicos entalhavam as suas runas em pedras, o que
fez com que exemplares intactos chegassem até os dias de hoje.
A Magia rúnica assemelha-se
muito à magia ritualística cabalista. Nas runas, cada uma das 24 pedras do
Oráculo encerra uma lenda rica e profunda; desde a famosa “Ponte do arco Íris”,
guardada por Heimdall, que representa o caminho de Tav na Árvore da Vida, até à
própria estrutura da origem das runas, provenientes do sacrifício de Odin
durante nove dias.
No Egipto, especialmente em Alexandria,
estava o berço dos Illuminati e dos maiores avanços esotéricos e científicos.
Quando os Mamelucos tomaram o controle daquela região adoptaram muitos dos conhecimentos dos Sufis
(os místicos islâmicos), especialmente os seus conhecimentos de Astrologia e
Oráculos (que já eram desenvolvidos desde o século XI, com al-Ghazali). Este
conhecimento passou posteriormente para os Templários, Cátaros e Rosacruzes.
Da combinação da Gematria (as
22 letras e números do alfabeto hebraico) somados ao conceito dos 4 Mundos (que
eram representados simbolicamente pelos 4 elementos, como já vimos
anteriormente) e as dez esferas, obtemos as primeiras impressões de um oráculo
que se chamava “Tarock Mamluk”. Os protótipos dos primeiros baralhos de Tarot.
A primeira referência a um
deck de tarot é de 1376, em Bern, na Suíça (justamente num documento sobre os
católicos banirem qualquer tipo de “adivinhações” da cidade). Os decks mais
antigos de que existem exemplares foram produzidos por volta de 1450-1490 e já tinham
os tradicionais 78 Arcanos, mas nenhum museu do mundo tem mais do que trinta
deles na sua colecção. Estes baralhos são os Visconti-Sforza , da família de
ocultistas italianos que foram patronos de ninguém menos que do Grão Mestre
Leonardo daVinci (1452-1519).
O tarot de Visconti de
Modrone foi produzido por volta de 1466, e o Brera-Brambilla foi confeccionado
por Francesco Sforza em 1463. Francesco Sforza foi mencionado no “Príncipe”, de
Maquiavel e serviu de modelo para uma das mais famosas estátuas de DaVinci.
Ao contrário da crença
popular, o “Tarot de Marselha” não faz parte da primeira leva de tarot que
apareceram no ocidente nos séculos XIV e XV. O seu nome tem origem no capítulo
XI do livro “O Tarot dos Boêmios” em 1889, escrito por ninguém menos que o Dr.
Gerard Encausse (Papus) e baseado nos tarot de Noblet (1650) e Dodal (1701).
Uma das características principais deste tarot é conter a Papisa Joana no lugar
da Sacerdotisa (Arcano 2).
E do século XVIII até ao dia
de hoje, milhões de tipos diferentes de tarot foram criados. Uns bons, mas a imensa
maioria é cópia ou plágio dos tradicionais.
Infelizmente, como vimos, os
oráculos sempre foram utilizados por leigos como meros jogos. Pessoas menos
informadas achavam, e acham, incorrecta e até pecaminosa a sua utilização. Como
eram espiritualmente subdesenvolvidos não compreendiam que estes pudessem ser
veículos de comunicação com as entidades de Luz. Desde a madrugada da humanidade que os oráculos são a voz dos Anjos; claro que podem ser manipulados por entidades
negativas mas isso depende de quem trabalha com o oráculo e da vontade divina.
Os disparates que costumo ler
e ouvir são considerações das mesmas pessoas que pensam que alma e espírito são
a mesma coisa; que feiticeira e curandeira é a mesma coisa; que os Anjos e os
duendes do pai natal são todos primos do Peter Pan; que um medium é um psicótico que
trabalha com o mal… podia prolongar-me por auto-estradas a fazer referências
destas mas ia ficar arruinada com tanta portagem.
Pessoalmente, peço aos Anjos
que nunca me falte paciência para ilucidar aqueles que criticam o que nunca
investigaram, estudaram ou debateram. O mais engraçado é que este tipo de
pessoas vive quase sempre para a carreira, o status, o material e considera-se
superior aos demais cidadãos que materialmente não possuam tanto quanto eles. Por isso já vi
um maçon ridicularizar um espirita para a seguir se levantar um muçulmano que
lhe disse as últimas sobre os seus ritos e convicções. A História, desde os primórdios da humanidade que está
assombrada pela intolerância e pela acção dos Génios contrários. A
intolerância não só criou sociedades secretas que bloquearam a evolução do
conhecimento, como gerou individuos arrogantes e ignorantes.
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