5 de março de 2012

Afinal quem é o medium?


Afinal quem é o medium?


1. Introdução

Para introduzir este tema, façamos algumas perguntas: o que é a mediunidade? Como funciona? Como podemos identificar os vários tipos de mediunidade? Somos todos  médiuns?


2. Conceito

Identificar. Perceber os elementos característicos de algo; reconhecer.

Mediunidade - É a faculdade humana, natural, pela qual se estabelecem as relações entre homens e entidades espirituais.


3. Considerações iniciais

A mediunidade, desde que o homem é homem, sempre existiu pois faz parte da natureza humana. Os primeiros passos dos povos primitivos foram através do sono e dos sonhos – as minhas comunicações mais intensas e esclarecedoras. O professor José Herculano Pires, no livro “O Espírito e o Tempo”, faz um estudo histórico da mediunidade, analisando-a dentro dos vários horizontes culturais da humanidade até à sua positivação com a vinda de Allan Kardec.

Na mediunidade, há uma relação entre médium e Espírito, tal qual a do hipnotizador com o hipnotizado. O médium profundo – existem vários gêneros de mediuns - cede voluntariamente ao apelo que é exercido sobre ele e renuncia à sua vontade e à sua consciência de modo absoluto. Assim, ao despertar do “transe”, perguntará às pessoas: o que aconteceu mas, no seu coração, guarda a essência luminosa do contacto.

A mediunidade não ficou imune às investidas dos descrentes, que divulgaram cenas horripilantes de médiuns e associaram-nos à feitiçaria e outras práticas ocultas de natureza negativa. Sabemos que os espalhafatos são quase sempre levados a cabo por “charlatães” que entretêm quem aprecia espectáculos decadentes; por médiuns que contactam Anjos Caídos ou outras entidades negativas, ou, pessoas que clinicamente não estão bem.
Os cépticos disseram que os médiuns eram pessoas ignorantes e perigosas, taciturnas e sibilinas, capazes, no melhor dos casos, de pactos negros. O médium é, assim, apresentado como um indivíduo delicado, doentio, hipersensível, extremamente pálido, com pouca vitalidade e a dois passos da psicose.

Para Lombroso, porém, a mediunidade apresenta-se de outro modo: “A inteligência do médium pode variar da ultra-mediocridade de Politi ao espírito superior de Mlle. D’Esperance, mas em transe, o médium mais estúpido pode manifestar uma inteligência extraordinária.

Quanto à moralidade, alguns médiuns são lascivos e libertinos influenciados pelos “contactos baixos”, enquanto outros se dedicam a “vidas de santidade”, como Miss Smith e Stanton Moses.

Nota importante: Eu classifico os mediuns como pessoas sensíveis, atentas às pessoas e à vida, tanto na sua dimensão material como espiritual. Esta capacidade é evolutiva mas, não se trata de desenvolver indiscriminadamente o potencial mediúnico, trata-se sim de tonificar e afinar essas faculdades.


4. A mediunidade: aspectos gerais

4.1. Manifestações mediúnicas

A Mediunidade é uma só, é um todo, mas deve ser encarada nos seus vários aspectos funcionais, que são caracterizados por formas diferentes de manifestação.
Kardec dividiu-a, para efeitos metodológicos, em duas grandes áreas bem diferenciadas:
- A mediunidade de efeitos físicos - manifestações físicas que se traduzem por efeitos sensoriais, tais como barulhos, aromas, movimentos e visões. Estas expressões podem ser espontâneas ou provocadas.
- A mediunidade de efeitos intelectuais - na manifestação intelectual é suficiente que o medium viva um acto livre e voluntário, que exprima uma intenção espiritual ou que responda a um pensamento.


4.2. Mediunidade natural e de prova

A terminologia espírita adoptada por Kardec é simples e precisa. Mas no tocante às duas áreas fundamentais dos fenómenos de efeitos intelectuais e físicos, seria necessário um acréscimo. Além da divisão fenomenal, temos a divisão funcional.

Possuímos, assim, duas áreas de função mediúnica, designadas como:
- A mediunidade generalizada. - Corresponde à mediunidade que todos os seres humanos possuem.
- O mediunato. - Corresponde à mediunidade de compromisso, ou seja, de médiuns investidos espiritualmente de poderes mediúnicos para finalidades específicas nesta dimensão encarnada.

A primeira e a segunda correspondem respectivamente à mediunidade estática e dinâmica na classificação de Crawford.


4.3. Mediunismo, mediunidade, fenómeno mediúnico, fenómeno anímico e animismo

Para que possamos identificar a mediunidade, tenhamos em mente as distinções entre fenómeno anímico, fenómeno mediúnico, animismo e mediunismo.

- No fenómeno anímico, não há interferência fisica de Espíritos desencarnados. O facto dá-se de alma para alma, por isso anímico. Ex.: Telepatia, que é a comunicacção de mente para mente.

- No fenómeno mediúnico, há um Espírito desencarnado que deseja comunicar com os encarnados através de um médium.

- O animismo é a influência que o médium exerce na comunicacção do Espírito desencarnado.

- A expressão mediunismo, criada pelo Espírito Emmanuel, designa as formas primitivas de mediunidade que fundamentam as crenças e religiões primitivas.


5. Gêneros de mediunidade

5.1. Variedades comuns a todos os gêneros de mediunidade

- Médiuns sensitivos: pessoas suscetíveis de sentir a presença dos Espíritos por uma impressão local, vaga ou material. A maior parte distingue os Espíritos bons ou maus, segundo a natureza da impressão.

- Médiuns naturais ou inconscientes: os que produzem os fenómenos espontaneamente, sem nenhuma participação da sua vontade e a maioria das vezes sem o saberem.

- Médiuns facultativos ou voluntários: os que têm o poder de provocar os fenómenos por um acto da sua vontade.


5.2. Variedades especiais para os efeitos físicos (as principais categorias)

- Médiuns tiptólogos: aqueles por cuja influência se produzem os barulhos e as pancadas.

- Médiuns de transporte: os que podem servir de auxiliares para os Espíritos realizarem acções materiais.

- Médiuns curadores: os que têm o poder de curar, de aliviar ou consolar pela imposição das mãos ou pela prece.


5.3. Variedades especiais para os efeitos intelectuais (algumas delas)

- Médiuns auditivos: os que ouvem os espíritos. Muito comum. “Há muitas pessoas que se afiguram ouvir o que lhes está apenas na imaginação”

- Médiuns falantes (psicofonia): os que falam sob a influência dos Espíritos. Muito comuns.

-Médiuns psicógrafos: possuem a faculdade da comunicacção por meio da escrita automática e podem dividir-se em: médiuns mecânicos, semi-mecânicos, intuitivos…


6. Advertências e recomendações

6.1. Os grandes médiuns e suas provações

Os grandes médiuns, os que foram capazes de realizar coisas extraordinárias, foram também os que mais sofreram no físico e no intelectual o efeito devastador de uma excessiva dependência dos espíritos. As irmãs Fox, que deram início à invasão organizada dos Espíritos, acabaram desequilibradas psiquicamente. O mesmo ocorreu a Douglas Home. Ch. Forster, médium famoso, por exemplo, morreu num hospício. Diz-se que Chico Xavier também estaria debilitadíssimo mas, dada a sua doença é difícil avaliar.


6.2. Preparação do médium

Nada de relevante se faz sem um devido propósito. Por isso, antes de empreender um contacto mediúnico é bom consultar as próprias forças e disposições íntimas. Assim, devemos primar por:

- Elevados sentimentos, inspirações, método e paciência.

- As invocações devem ser feitas com seriedade, fé e protecção de Entidades de Luz ou do Guia Espiritual.

- Qualquer fracasso nas primeiras sessões não deve desvanecer a dedicação para as próximas.

Quem encara a mediunidade como uma espécie de jogo, desrespeita a Luz divina que cintila dentro de si.  Nega o caminho que Deus lhe traçou pois se Deus despreza-se os mediuns não daria o embrião dessa capacidade a todos os humanos. Ainda, a Igreja Católica só recentemente assumiu erros cometidos ao colocar num saco negro feiticeiros das trevas, mediuns e pessoas portadoras de doença psiquica.


6.3. Recolhimento e humildade

O contacto com o mundo espiritual deve ser feito com um sentimento de humildade e vigilância - protecção para que não sejamos presas fáceis de Espíritos imperfeitos.
Tenhamos em mente que somos apenas um veículo, um intermediário entre duas dimensões, por vontade divina. Sendo assim, exercitemos o discernimento para aceitar as comunicações dos Espíritos superiores e rejeitar as dos Espíritos negativos, que querem somente a nossa perdição.
Por outro lado, conheço pessoalmente dois casos de pessoas que enquanto negaram a sua mediunidade conheceram diversas adversidades na vida. Não conseguiam harmonizar-se, consideravam-se mesmo improdutivas vivendo sempre em sofrimento.
Nem sempre o medium deve transmitir as mensagens que recebe para não interferir na vida das pessoas de uma forma manipulativa. Sobretudo o medium que experimenta contactos espontâneos que muitas vezes são realizados por espiritos nagativos (ou génios do mal, anjos caídos…). Outras vezes, o medium é tão solicitado, ou tão intensamente, que ele próprio fica confuso, não conseguindo interpretar as mensagens.

De qualquer forma, se o medium não encontra uma comunidade em que se possa expressar, fica votado a uma vida marginal que acaba por o levar ao isolamento. Triste é quando essa pessoa não se aceita pela sua diferença, põe em causa a sua sanidade mental e, tenta por todos os meios viver uma vida secreta e “normal”.

A humildade e o recolhimento são a plataforma para o medium encontrar o seu ponto de equilíbrio e, estabelecer a estrutura que convém à sua natureza e aceitar-se na sua condição de coração de fé, contemplador de Cristo, adorador dos anjos e incondicional adorador do criador.

Outro facto que constatei foi que o medium é, quase sempre, amorosamente solitário. Apesar da sua imensa e plástica capacidade de amar, apesar da sua entrega desinteressada não conseguem estabelecer um nó cego intímo e equilibrado. Talvez pelo segredo, talvez porque a sua devoção é dirigida a Deus, talvez porque se sentem amarrados a relações cármicas… talvez pela interferência de memóras de vidas passadas que são inflamadas pelos contactos mediúnicos.
Um medium que não pratica a contemplação dos espiritos de Luz, que não exerce com liberdade e honestidade as suas capacidades, que não se entrega ao amor divino e não é sincero na humildade, afunda-se em medos e problemas. É um inadaptado que se expõe à negatividade.


7. Conclusão

Identificar o género de mediunidade, ou saber se a comunicacção é mediúnica ou não, mostra apenas a mecânica da mediunidade. O mediunismo, ensina-nos que o mais importante são as nossas transformações morais, e, o medium que não se liberta nunca as alcança. Renova-se e consome-se em ciclos de esperança que terminam sempre no mesmo patamar, o vaziu.

E quanto mais o medium se fechar, maior será a sua vulnerabilidade e desespero.

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