5 de março de 2012

Como reconhecer a acção da negatividade nas nossas vidas. Acção ordinária (a tentação) e extraordinária (a possessão)



Não posso deixar de fazer aqui uma introdução pois, nas minhas consultas, tenho ouvido as maiores fantasias delirantes sobre o Bem e o Mal, sobre a acção dos demónios.

Para quem não leu as mensagens anteriores lembro que a existência dos demónios é tão real quanto a dos Anjos. São duas faces da mesma moeda universal. Na cara temos o Anjo de Luz, o mensageiro divino. Na coroa temos algo que por vezes não é entendido como uma só e mesma coisa; Anjo Caído, Anjo Negro, Génio Contrário ou Demónio.

Se a nossa conduta, hábitos de vida, nos afastarem da protecção dos Anjos ficamos expostos ao Demónio. Este contacto com o lado negro afecta-nos de várias formas, variando em intensidade produz fenómenos diferentes.

A entrada da negatividade nas nossas vidas pode ter origem na falta de harmonia com os Anjos ou na vontade de terceiros, assim Deus o permita. É aquilo a que vulgarmente se chama "mau-olhado", enguiço, praga, encosto, magia negra... O povo tem uma variedade de nomes para designar o afastamento da Luz divina e do amor.

Existem coisas que acontecem na vida das pessoas e que elas não consideram normais.  Uma pessoa que se acha possessa por espíritos malignos, costuma basear-se nos seguintes sinais que já abordou clinicamente mas, sem resultados porque a questão é espiritual:

NERVOSISMO
As pessoas afectadas pelos demónios tendem a ser muito nervosas e, por isso, acumulam uma sucessão de fracassos nas relações familiares, profissionais e sociais. Muitas tornam-se  dependentes de calmantes e não conseguem resolver os seus problemas. Quando souber que alguém, surpreendentemente, cometeu um erro grave ou mesmo um crime, venha a este blog ler as características do seu Anjo Negro. Encontrará a motivação para tal acção negativa. “Todos os dias do aflito são maus…” (Provérbios 15.15).

DORES DE CABEÇA
A opressão que a negatividade exerce sobre nós causa-nos mal estar físico, originando "doenças" que a medicina não consegue diagnosticar. A mais comum são as dores de cabeça que costumam resistir aos analgésicos, sentindo a pessoa a chamada "muinha" que não a deixa concentrar-se nem descansar.
“Tendo chamado os seus doze discípulos, deu-lhes Jesus autoridade sobre espíritos imundos para os expelir e para curar toda sorte de doenças e enfermidades por eles causada.” Mateus 10.1

INSÓNIA
É comum o facto das pessoas me procurarem com a queixa de, sem motivo aparente e mesmo tomando remédios, não conseguirem dormir.
“Em paz me deito e logo adormeço, porque, Senhor, só tu me fazes repousar seguro.” Salmos 4.8

MEDO
Sobretudo nesta época de crise, as pessoas receiam pela sua vida e pela dos seus. No entanto, tenho encontrado pessoas que sentem um medo obsessivo de todas as coisas e de nada. Digo de nada porque não me conseguem dizer de onde nasceu esse medo. Estão sempre à espera que aconteça algo de mau e têm até medo de se tratar.

“No amor não existe medo" 1 João 4.18

DESMAIOS
Desmaios frequentes, tonturas e náuseas constantes também podem ser sintomas de influência negativa.

“E, quando chegaram junto da multidão, aproximou-se dele um homem, que se ajoelhou e disse: Senhor, compadece-te de meu filho, porque é lunático e sofre muito; pois muitas vezes cai no fogo e outras muitas, na água.” Mateus 17.14,15

VER O SUICÍDIO COMO ÚNICA SOLUÇÃO
Os Anjos Negros podem suscitar em si sentimentos auto-destrutivos como a rejeição e o desespero. 


CONFUSÃO MENTAL
Alterações da memória, incapacidade de concentração, ausência de racionalidade e senso comum... 

“Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres.” João 8.36

*

Não se pense que todos os que sofrem de um ou mais dos sintomas mencionados estejam sob influência do demónio. Mas mesmo com a devida ajuda da medicina, devem fazer uma consulta de cariz espiritual para que uma limpeza desta natureza acelere a sua recuperação. 

As sociedades mais desenvolvidas já estão a dar passos firmes no que toca a conciliar a saúde física com a espiritual.

Foi com agrado e esperança que li este e-mail que um amigo me enviou:


CÓDIGO INTERNACIONAL DE DOENÇAS (OMS) INCLUI INFLUÊNCIA DOS ESPÍRITOS MEDICINA RECONHECE OBSESSÃO ESPIRITUAL

Por Dr. Sérgio Felipe de Oliveira

A obsessão espiritual como doença da alma, já é reconhecida pela Medicina. Em artigos anteriores, escrevi que a obsessão espiritual, na qualidade de doença da alma, ainda não era catalogada nos compêndios da Medicina, por esta se estruturar numa visão cartesiana, puramente organicista do Ser e, com isso, não levava em consideração a existência da alma e do espírito.

No entanto, quero retificar, atualizar os leitores dos meus artigos com esta informação, pois desde 1998, a Organização Mundial da Saúde (OMS) incluiu o bem-estar espiritual como uma das definições de saúde, ao lado do aspecto físico, mental e social. Antes, a OMS definia saúde como o estado de completo bem-estar biológico, psicológico e social do indivíduo e desconsiderava o bem estar espiritual, isto é, o sofrimento da alma; tinha, portanto, uma visão reducionista, organicista da natureza humana, não a vendo na sua totalidade: mente, corpo e espírito.

Mas, após a data mencionada acima, ela passou a definir saúde como o estado de completo bem-estar do ser humano integral: biológico, psicológico e espiritual.

Desta forma, a obsessão espiritual oficialmente passou a ser conhecida na Medicina como possessão e estado de transe, que é um item do CID - Código Internacional de Doenças - que permite o diagnóstico da interferência espiritual Obsessora.

O CID 10, item F.44.3 - define estado de transe e possessão como a perda transitória da identidade com manutenção da consciência do meio ambiente, fazendo a distinção entre os normais, ou seja, os que acontecem por incorporação ou atuação dos espíritos, dos que são patológicos, provocados por doença.

Os casos, por exemplo, em que a pessoa entra em transe durante os cultos religiosos e sessões mediúnicas não são considerados doença.

Neste aspecto, a alucinação é um sintoma que pode surgir tanto nos transtornos mentais psiquiátricos - nesse caso, seria uma doença, um transtorno dissociativo psicótico ou o que popularmente se chama de loucura - bem como na interferência de um ser desencarnado, a Obsessão espiritual.

Portanto, a Psiquiatria já faz a distinção entre o estado de transe normal e o dos psicóticos que seriam anormais ou doentios.

O manual de estatística de desordens mentais da Associação Americana de Psiquiatria - DSM IV - alerta que o médico deve tomar cuidado para não diagnosticar de forma equivocada como alucinação ou psicose, casos de pessoas de determinadas comunidades religiosas que dizem ver ou ouvir espíritos de pessoas mortas, porque isso pode não significar uma alucinação ou loucura.

Na Faculdade de Medicina DA USP, o Dr. Sérgio Felipe de Oliveira, médico, que coordena a cadeira (HOJE OBRIGATÓRIA) de Medicina e Espiritualidade.

Na Psicologia, Carl Gustav Jung, discípulo de Freud, estudou o caso de uma médium que recebia espíritos por incorporação nas sessões espíritas.

Na prática, embora o Código Internacional de Doenças (CID) seja conhecido no mundo todo, lamentavelmente o que se percebe ainda é muitos médicos rotularem todas as pessoas que dizem ouvir vozes ou ver espíritos como psicóticas e tratam-nas com medicamentos pesados pelo resto das suas vidas.

Na minha prática clínica (também praticada por Ian Stevenson), a grande maioria dos pacientes, rotulados pelos psiquiatras de "psicóticos" por ouvirem vozes (clariaudiência) ou verem espíritos (clarividência), na verdade, são médiuns com desequilíbrio mediúnico e não com um desequilíbrio mental, psiquiátrico. (Muitos desses pacientes poderiam se curar a partir do momento que tivermos uma Medicina que leva em consideração o Ser Integral).

Portanto, a obsessão espiritual como uma enfermidade da alma, merece ser estudada de forma séria e aprofundada para que possamos melhorar a qualidade de vida do enfermo.



“O homem de quem tinham saído os demónios rogou-lhe que o deixasse estar com ele; Jesus, porém, o despediu, dizendo: Volta para casa e conta aos teus tudo o que Deus fez por ti. Então, foi ele anunciando por toda a cidade todas as coisas que Jesus lhe tinha feito.” Lucas 8.38,39



Acção ordinária (a tentação) e extraordinária (a possessão)


Deus governa o mundo, respeitando a sua ordem e as suas leis, isto é, a normalidade, a simplicidade, o usual das coisas. Tudo aquilo que sai desta linha e que parece maravilhoso, prodigioso, milagroso é excepcional  e muito raro.
Deus criou-nos livres e espera de nós um livre consentimento à fé, sem que nisto sejamos influenciados por uma manifestação habitual do preternatural e do sobrenatural. Entretanto, para provar-nos, para que mereçamos a bem-aventurança eterna, como também, muitas vezes, para nosso castigo, permite Deus que o demónio nos atormente.

O mal provém de três causas:
- da nossa natureza, ferida pelo pecado original
- do mundo (dos outros homens)
- do demónio

Entretanto Satanás desperta em nós, continuamente, a tríplice concupiscência com insistentes tentações de soberba e orgulho, de luxúria, de ganância, de avidez a todos os níveis.

Essa é a acção ordinária, comum, corrente do demónio - ou seja, a tentação.

Além dela, o Maligno pode exercer uma acção extraordinária - a possessão.

A acção ou actividade demoníaca extraordinária pode ser assim qualificada por duas razões:
- em primeiro lugar, pelo seu carácter surpreendente, sensacional, espetacular
- em segundo, pela sua relativa raridade (se comparada com a acção ordinária). 
Estamo-nos a referir à infestação e à possessão diabólica.


A tentação


“Bem-aventurado o homem que sofre (com paciência) a tentação.
porque depois de ter sido pôs-to à prova, receberá a coroa da
vida, que Deus promete aos que o amam".
(Tiag 1,12)


A acção mais comum e constante do demónio, em relação ao homem, é a tentação. Por esse seu aspecto comum e a mais frequente, podemos chamar-lhe a acção ordinária do demónio.

Natureza da tentação

No seu sentido etimológico, tentar alguém significa pô-lo à prova para que se conheçam as suas predisposições ou qualidades.

Tentação probatória e tentação enganadora ou sedutora

Santo Agostinho estabeleceu uma distinção, que se tomou clássica, entre a tentação probatória (tentatio probationis) e a tentação enganadora ou sedutora (tentatio decepcionis vel seducionis).

A tentação probatória não visa levar ao pecado, e sim testar a virtude de alguém ou fortalecê-la por meio da provação.  Nesse sentido é que se pode falar da tentação de Deus, como, por exemplo, as provações que o Criador, servindo-se do demónio, enviou a Jó para provar sua fidelidade (cf. Jó 14, 1 ss).

Pode-se falar também de tentar a Deus quando se pretende pôr Deus à prova, exigindo dele um milagre ou uma acção extraordinária, com o fim de satisfazer a nossa curiosidade, os nossos caprichos, ou livrar-nos das consequências das nossas irreflexões ou imprudências. “Tentar a Deus - escreve D. Duarte Leopoldo e Silva - é expor-se ao perigo, a grandes tentações, sem necessidade, e depois pedir um milagre para não sucumbir. Deus protege no perigo, mas nem por isso devemos expor-nos temerariamente, porque, diz o Espírito Santo, quem ama o perigo nele perecerá”. (Con. Duarte Leopoldo e Silva, Concordancia dos Sanctos Evangelhos, Escola Typographica Salesiana, São Paulo, I edição, 1903.)

A tentação enganadora ou sedutora visa levar o homem à ruína espiritual; ela propõe-lhe um mal sob a aparência de um bem, procurando arrastá-lo ao desejo desse mal, isto é, ao pecado. Pode, então, ser definida como uma incitação ao pecado. Consiste num estímulo, numa solicitacção da vontade para o mal.

Quando precede de nós mesmos (tentação interna), pode ser indicada mais como inclinação, arrebatamento, estímulo; se provém de outros inclusive do demónio podemos referir-nos a ela como convite, solicitacção, incitação.


Causas naturais da tentação: o mundo e a carne

Nem todas as tentações de que o homem padece provêm do demónio; também o mundo e a carne têm nelas uma grande parte: "Nem todos os pecados são cometidos por instigação do demónio, alguns são cometidos pela livre vontade e corrupção da carne” - ensina São Tomás. (Suma Teológica, 1,q.114,a.3.)

A raiz da tentação está na própria natureza humana, esta é livre mas porém demasiado frágil em consequência do pecado original. “Cada um é tentado pela sua própria concupiscência, que o atrai e o alicia” - escreve o Apóstolo São Tiago (Tiag 1, 14), que repete a mesma ideia pouco à frente: “De onde vêm as guerras e as contendas entre vós? Não vêm elas das vossas concupiscências que combatem nos vossos membros?” (Tiag 4, 1).

São Paulo descreve em termos dramáticos essa terrível realidade: "Sinto imperar em mim uma lei: querendo fazer o bem, eis que o mal se apresenta a mim. Segundo o homem interior, acho satisfação na lei de Deus; mas nos meus membros experimento outra lei que se opõe à lei do meu espírito e me encadeia à lei do pecado que reina nos meus membros” (Rom 7, 21-24)*

*“São Paulo descreve a luta que se trava no interior do homem entre a carne e o espírito. O homem reconhece a justiça e a bondade da lei, mas a concupiscência excita-o fortemente a desobedecer-lhe” (Pe. Mactos Soares). A carne, aqui, significa a natureza humana decaída em consequência do pecado original, que a tornou desregrada. Em si a carne, ou seja a natureza humana, é boa pois foi criada por Deus.
 
Também o mundo procura arrastar-nos ao pecado, pois "está  sob o jugo do maligno” (1 Jo 5, 19), e “a amizade deste mundo é inimiga de Deus” (Tiag 4, 4). Se rompermos com o mundo ele nos perseguirá, adverte o Salvador, pois não somos do mundo (Jo 15, 19). Por isso, Jesus disse expressamente que não rezava pelo mundo (Jo 17, 9). Um homem pode ser tentador de outro homem, segundo o espírito do mundo. Foi o que fez São Pedro, procurando desviar o Senhor do caminho da Cruz: “A partir daquele momento, começou Jesus a revelar a seus discípulos que era necessário que fosse a Jerusalém, padecesse muito da parte dos anciãos, dos sumos sacerdotes e dos escribas, e fosse condenado à morte, e ao terceiro dia ressuscitasse. Pedro, tomando-o à parte, começou a admoestá-lo, dizendo: ´Deus te livre, Senhor! Isto não te pode acontecer!´Ele, porém, voltando-se, disse a Pedro: 'Retira-te de mim, Satanás! Pois és para mim obstáculo (isto é, tentação); os teus pensamentos não são de Deus, mas dos homens!' “ (Mt 16, 21-23). Somos, pois, tentados pela nossa própria fragilidade, pelo nosso temperamento, a nossa índole, formação, ambiente, familiares, amigos, situações e ocasiões; numa palavra: pela carne e pelo mundo.


A tentação demoníaca

Porém, conforme ensina o Apóstolo, “não temos que lutar somente contra a carne e o sangue, mas sim contra os principados e as potestades, contra os dominadores deste mundo de trevas, contra os espíritos malignos espalhados pelos ares.. “(Ef 6, 10-11).
Está fora de dúvida que muitíssimas tentações são obra directa do demónio, cujo oficio próprio - diz São Tomás - é tentar. (Suma Teológica, 1,q. 114,a.2.) A maior parte da actividade demoníaca concretiza-se na tentação. Por isso o demónio, no Evangelho, é chamado tentador (cf. Mt 4, 3).

As demais causas da tentação — o mundo e a carne — podem actuar independentemente umas das outras; entretanto, é comum que, nas tentações, a atracção do mundo se una à luxuria, e a ambas se some a acção aliciante do demónio.
 
De tal modo que embora os teólogos aceitem no plano teórico a possilidade da tentação poder ter uma causa apenas natural, o mundo ou a carne sem entrar necessariamente a acção do demónio. No plano prático, em geral, admitem que o Maligno, sempre à espreita, se aproveita de todas as circunstâncias para cavalgar a tentação e aumentar a sua intensidade ou malícia. De onde a advertência de São Paulo: “Se sentirdes raiva, seja sem pecar: não se ponha o sol sobre vossa ira, para não dardes oportunidade ao demónio” (Ef 4, 26-27).


O homem diante da tentação; a tentação não é pecado.

A tentação por si mesma, obviamente não é pecado. Pois o próprio salvador permitiu ser tentado pelo demónio (Mt 4, 1-11; Mc 1, 12-13; Lc 4, 1-13). Uma vez que o demónio não pode agir directamente sobre a inteligência ou a vontade humanas, e por isso procura influenciá-las por meios indirectos. Mesmo podendo resistir ao tentador, frequentemente o homem deixa-se seduzir. Para nos tentar, o demónio pode excitar a imaginação de modo a formar nela imagens e representações lúbricas ou perturbadoras; interferir em movimentos corporais que favoreçam os maus actos ou os maus pensamentos, intensificar as paixões, procurar enredar-nos em sofismas, em erros, etc. Entretanto, o homem não é culpado das tentações que sofre, a não ser quando elas são consequência de imprudências, permitidas ou procuradas voluntariamente, por exemplo, com olhares indevidos, frequência de lugares perigosos, más companhias... Pelo contrário, ele só será culpado nos casos em que der um consentimento pleno e deliberado às solicitações das tentações.*


*“Três coisas devemos distinguir na tentação: a sugestão, o deleite e o consentimento. A sugestão não é um pecado, porque não depende da nossa vontade. O simples deleite, quando involuntário, também não é pecado. Só o consentimento é sempre criminoso, porque depende exclusivamente de nós o aceitar ou não a sugestão do mal" (Con. Duarte Leopoldo e Silva, op. cit., p. 34, n. 5).

Por mais intensa que seja uma tentação, se o homem lutou contra ela, não cometeu a menor falta; pelo contrário adquiriu méritos para a sua santificação, segundo escreve São Tiago Apóstolo: “Bem-aventurado o homem que sofre (com paciência) a tentação, porque, depois de ter sido pos-to à prova, receberá a coroa da vida, que Deus prometeu aos que o amam” (Tiag 1, 12).


A infestação


"Não temos que lutar somente
contra a carne e o sangue, mas sim
contra os principados e as potestades,
contra os dominadores deste mundo de
trevas, contra os espíritos malignos
espalhados pelos ares.. "
(Ef 6, 10-11)


A acção extraordinária do demónio sobre os homens, as coisas e os locais, não é uniforme: alguns autores falam em obsessão, para designar essa actuação do demónio, quer se trate da sua simples presença num local, quer da actuação sobre o homem, mas sem possuí-lo, quer da possessão.

Adoptamos aqui a terminologia utilizada por Mons. Corrado Balducci, por parecer-nos  simples e directa: infestação local, infestação pessoal e possessão diabólica. (Cf Mons. C. Balducci, Gli indemoniati, p. 3; El diablo, pp. 156-158.)


Infestação local

A infestação local consiste numa actividade perturbadora que o demónio exerce directamente sobre a natureza inanimada (reino mineral, elementos atmosféricos, etc.) e animada inferior (reino vegetal e reino animal), e também sobre lugares, procurando desse modo atingir indirectamente o homem, sempre de modo maléfico. Com efeito, todas as criaturas, mesmo as irracionais, por maldição do pecado, ficaram sob o poder do demónio (cf. Rom 8, 21ss). Assim, os lugares e as coisas, do mesmo modo que as pessoas, estão sujeitas à infestação demoníaca. É preciso não esquecer a actuação dos demónios dos ares.

Entram nessa categoria as casas e lugares infestados: objectos que voam ou se deslocam do lugar, sons estranhos ou perturbadores (passos, pedradas nas vidraças ou no telhado, uivos, gritos, gargalhadas); impressão de presenças invisíveis, sensação de perigos inexistentes, etc.; distúrbios visíveis, estranhos e repentinos que se verificam no mundo vegetal e no mundo animal (árvores ou plantações que secam repentinamente, doenças desconhecidas nos animais, pragas, etc.).
Certos fenómenos ou calamidades de aparência e estruturas naturais (tempestades, terremotos e outros cataclismos, incêndios, desastres, etc.) podem ter igualmente o demónio como autor, senão único e directo (como na possessão), pelo menos parcial e dirigente. Por exemplo, o raio que caiu do céu e consumiu os pastores e as ovelhas de Jó, do mesmo modo que o vento do deserto que fez cair a casa dos filhos do Patriarca, esmagando-os sob as ruínas, foram suscitados por Satanás (Jó 2, 16-19). Nesse caso, podem ser incluídos essas manifestações demoníacas extraordinárias. Muitas vezes, tais manifestações ocorrem em concomitância com casos de infestação pessoal ou de possessão diabólica.


Infestação pessoal (obsessão)

A infestação pessoal é uma perturbação que o demónio exerce, já não sobre o mundo material e as criaturas irracionais, mas sobre uma pessoa, directamente, sem contudo lhe impedir o uso da inteligência e da livre vontade. Apesar de ser excepcional, é talvez o mais frequente dos três tipos de actividade maléfica extraordinária - isto é, infestação local, infestação pessoal, possessão. Como a infestação local, a pessoal também comporta diferentes graus de intensidade.
A infestação pessoal pode ser externa ou física e interna ou psicológica, conforme se exerça sobre os sentidos externos ou internos e sobre as paixões do homem. Com frequência, a infestação é simultaneamente externa e interna.

Na infestação externa ou física, o demónio age sobre os nossos sentidos externos:
- a vista, provocando aparições sedutoras ou, pelo contrário, apavorantes;
- a audição, fazendo ouvir rumores, palavras ou canções, blasfémias, convites, elogios ou ameaças;
- o tacto, com sensações provocantes, abraços, movimentos carnais ou então dores, doenças…

Mas o demónio pode actuar também sobre os sentidos internos (fantasia e memória) e sobre as paixões. A infestação interna ou psicológica consiste em sugestões violentas e tenazes:
- idéias fixas, imagens expressivas e absorventes, movimentos profundos de emotividade e de paixão - por exemplo, desgostos, amargura, ressentimentos, ódio, angústias, desespero;
- inclinação para algum objecto ilícito, ou inclinação em si lícita, mas desregrada quanto ao modo e à intensidade.

Comenta o Pe. Tanquerey: “A pessoa sente-se, embora com desgosto, invadida por fantasias importunas, tediosas, que persistem não obstante os esforços vigorosos para afastá-las; ou então por frémitos de ira, angústia, desespero, ímpetos instintivos de antipatia; ou pelo contrário, por perigosas ternuras sem razão alguma que as justifiquem” . (Adolphe Tanquerey, Precis de Théotogie Ascétique ei Mystique. p. 958.)

Os acessos de melancolia e os de furor que afligiam Saul, por obra dum demónio e por permissão divina (cf. 1 Reis 16, 14-23), são característicos da infestação pessoal interna, infestação psicológica. Diferentemente do possesso, o infestado guarda em si a disposição dos seus actos exteriores, embora em muitos casos tenha a sua liberdade diminuída. Ele conserva o poder de reagir contra as sugestões do interior, de julgar o valor moral destas sugestões, achando-as abomináveis. Uma das modalidades de infestação pessoal, talvez das mais frequentes são as doenças, muitas vezes desconhecidas e incuráveis, que chegam a levar à morte, se Deus o permitir. É o que, aliás, lemos no livro de Já: “Disse, pois, o Senhor a Satanás: Eis que ele (Jó) está na tua mão; conserva, porém, a sua vida” (Jó 2, 6). As escrituras apresentam vários casos de tais enfermidades de origem de diabólica.

Por vezes trata-se de inconvenientes que atacam a vida psíquica, a própria personalidade do indivíduo, tomando-o difícil, raivoso e até incapaz de actuar no ambito da sua vida familiar e social. (Cf. Mons. C.Balducci, El diablo, p. 184.)

Convém precisar que muitas das manifestações acima descritas, embora próprias às infestações locais ou pessoais, não são exclusivas delas e nem sempre são de origem demoníaca; várias anomalias de ordem psíquica (ilusões, alucinações, delírios) podem-se exteriorizar pelos mesmos fenómenos; um cuidadoso exame médico e espiritual do indivíduo e das circunstâncias que acompanham os factos poderá revelar a origem natural patológica ou demoníaca dos distúrbios.


Vítimas prediletas da infestação

Se bem que qualquer pessoa possa ser vítima desse tipo de tormento diabólico, Mons. Balducci indica três categorias de pessoas que estariam mais sujeitas a ele:
- os santos
- os exorcistas e demonólogos (trabalham contra  mal, limpam os seus trabalhos)
- os maleficiados (vítimas do malefício de terceiros que usam os demónios, magia negra).

Os santos, por causa do ódio que o demónio tem daqueles que de modo especial amam a Deus e procuram a perfeição; isto, do lado da intenção do demónio; do lado da permissão divina, esta é dada como provação especial a almas muito eleitas. Vários santos a experimentaram. Entre os antigos, basta lembrar Santo Antão; do mesmo modo Santa Catarina de Siena (1347-1380); São Francisco Xavier (1506-1552); Santa Teresa de Jesus (1515-1582); Santa Maria Madalena de Pazzi (1566-1607); São João Batista Vianney, o Cura d’Ars (1786-1859) São João Bosco (1815-1888); Santa Gemma Galgani (1878-1903)*.

Os exorcistas e demonólogos: a razão é tão óbvia que quase não é preciso dá-la; os primeiros, com o seu dom, fazem diminuir a presença do demónio no mundo e libertam as suas vítimas. Os segundos, com os seus estudos, esclarecem os fiéis em relação à existência e actividade demoníacas.

Os maleficiados (vítimas de malefício), por permissão de Deus, para seu castigo ou provação, ou para manifestar o poder divino. (Cf. Mons. C. Balducci, El diablo, p. 179.)



A possessão

“E pela tarde apresentaram-Lhe
muitos possessos do demónio".
(Mt 8, 16)

A possessão é a mais espectacular das manifestações diabólicas e a que mais impressiona as imaginações; a tal ponto, que deixa na penumbra o trabalho constante do demónio que, por meio da tentação, procura seduzir os homens ao pecado.


Realidade da possessão diabólica

No que se refere à possessão diabólica, há duas posições erradas que é preciso evitar:
- A primeira, consiste em acreditar com facilidade que uma pessoa está possessa, sem maior exame, pela impressão causada por sintomas que podem bem corresponder a estados clinicos, não sendo de si suficientes para caracterizar a possessão.
- A segunda posição está em negar que hoje ocorram casos de possessão; chega mesmo a negar que alguma vez se tenham dado. Esta posição extremada choca com uma verdade claramente ensinada pela Sagrada Escritura, pela Tradição e pela prática das religiões. Os racionalistas pretendem que os casos de possessão diabólica relatados nas Escrituras não passam de casos patológicos — mania, loucura, esquizfrenia, histeria e epilepsia… Dizem que Jesus não pretendia que esses infelizes enfermos, chamados endemoniados, estivessem realmente possessos, mas tratava-os de acordo com as convicções dos seus contemporâneos, os quais acreditavam na acção demoníaca.

Nada mais falso, e os Evangelhos distinguem bem entre a doença e a possessão.

Assim, São Marcos escreve: “E de tarde, sendo já posto o sol, traziam-lhe (a Jesus) todos os que estavam doentes e os possessos do demónio. E curou muitos que se achavam oprimidos com varias doenças e expeliu muitos demónios” (Mc 1, 32-34). E em São Mateus está escrito: “E pela tarde apresentaram-lhe muitos possessos do demónio, e ele com a (sua) palavra expelia os espíritos maus, e curou todos os enfermos” (Mt 8, 16). Do mesmo modo São Lucas: “E quando foi sol posto, todos os que tinham enfermos de diversas moléstias, traziam-lhos. E ele impondo as mãos sobre cada um, sarava-os. E de muitos saíam demónios gritando” (Lc 4,40-41).

É evidente nestas passagens que se referem à cura de doentes e à expulsão de demónios como dois casos diferentes. De resto, o próprio Salvador afirma que expulsava os demónios dos possessos. Por exemplo, aos judeus incrédulos disse Jesus: “Se eu, porém lanço fora os demónios pela virtude do Espírito de Deus, é chegado a vós o reino de Deus” (Mt 12, 28). “Se eu, pelo dedo de Deus lanço fora os demónios, certamente chegou a vós reino de Deus”(Lc 11,20).

E Ele mesmo distingue bem os casos de doença dos de possessão, ao dizer: “Eis que eu expulso os demónios e opero curas” (Lc 13, 32). A Liturgia e a prática da Igreja, com a instituição dos exorcismos, bem como o ensinamento dos teólogos, indicam que ela crê na possessão diabólica. Ao mesmo tempo, estabelece que os exorcismos sobre possessos não sejam feitos senão depois de maduro exame e mediante especial autorizacção, a Igreja indica que não se deve crer levianamente nos casos de possessão.

Em resumo, que se tenham dado alguns casos, pelo menos de verdadeira possessão diabólica, como os relatados nos Evangelhos, é verdade de fé; que depois se tenham dado outros, é doutrina comum dos teólogos, que não pode ser negada sem temeridade.

Natureza da possessão

A possessão consiste num domínio que o demónio exerce directamente sobre o corpo e indirectamente sobre a alma de uma pessoa. Esta converte-se num instrumento cego, dócil, fatalmente obediente ao poder perverso e despótico do demónio.
O indivíduo em tal estado é justamente chamado possesso, endemoniado, enquanto instrumento, vitima do poder demoníaco, porque mostra um sofrimento insólito.

Características

A possessão caracteriza-se por dois elementos:
a) presença do demónio no corpo do homem
b) exercício de um poder por parte demónio sobre o homem

Quanto à presença demoníaca, ela não significa uma presença física, o demónio é puro espírito; a sua presença dá-se pelo contacto operativo, isto é, o demónio está onde actua. Desse modo, o demónio pode desenvolver sua actividade por toda a parte, tanto fora como dentro dos corpos humanos. Sendo assim, um indivíduo pode estar possuído por vários demónios (os quais operam simultaneamente sobre ele, embora sob aspectos diversos), como um só demónio pode possuir várias pessoas (actuando sucessivamente sobre cada uma delas).

O modo como se opera a possessão é explicado por São Tomás de Aquino:

"Os Anjos bons e os maus têm o poder, em virtude da sua natureza, de modificar os nossos corpos, como qualquer outro objecto material. E como eles estão presentes num lugar na medida em que operam nele, assim eles penetram nos nossos corpos. Do mesmo modo, eles impressionam as faculdades ligadas aos nossos órgãos: às modificações dos órgãos respondem as modificações das faculdades.
Mas a impressão não chega até à vontade, porque a vontade nem no seu exercício nem no seu objectivo, depende de um órgão corporal. Ela recebe o seu objetivo da inteligência, na medida em que ela percebe a noção de bondade do ser”. (In 2dum Sent., Dist. VIII, q. un. a. 5, sol. apud L. Roure, Possession Diabolique, col.)

Noutro lugar, o Santo Doutor explica que o diabo não pode penetrar directamente na alma do homem, pois isto somente a Santíssima Trindade pode fazer. (Suma Teológica, 3,q. 8,a.8)

Isto quer dizer que, na possessão, embora o demónio domine o corpo, sobretudo o sistema nervoso, e possa impedir o uso das capacidades da alma, ele não pode penetrar nela e obrigar a sua vítima a cometer um pecado, ou a aceitar as doutrinas diabólicas. O possesso não é moralmente responsável pelos seus actos, por piores que sejam, uma vez que não tem plena consciência deles,  nem existe colaboração da vontade.


Efeitos da acção do demónio sobre o possesso

A presença operante do demónio no endemoniado não é contínua, manifesta-se por períodos de crise. Não falta ao demónio poder nem vontade de atormentar ininterruptamente a sua vítima, tal o ódio ao homem; Deus é que não o permite, pois a pessoa não resistiria. A influência do demónio sobre os possessos não é simplesmente indirecta ou moral, como, por exemplo nas tentações, mesmo as mais fortes.

A possessão é uma acção directa e física, exercida pelos espíritos das trevas sobre os órgãos corporais do infeliz submetido ao seu império. De onde resulta para este último um estado doentio, estranho, que sai das leis ordinárias das afecções mórbidas, embora frequentemente acompanhado de fenómenos de ordem puramente natural, que o demónio determina nele, simultaneamente com aqueles que ultrapassam a esfera própria aos agentes físicos. Esses fenómenos são habitualmente uma super-excitacção geral e profunda de todo o sistema nervoso. Outras vezes, ao contrário, o demónio comunica à sua vítima um crescimento extraordinário da força muscular.

Essa acção perturbadora e nociva do demónio sobre os órgãos corporais expande-se sobre as faculdades mistas, como a imaginação, a memória e a sensibilidade. Estende-se mesmo mais longe e mais alto no ser humano, porque ela repercute até na inteligência. As operações intelectuais apresentam, às vezes, um tal carácter de incoerência, que os demoníacos parecem atingidos de alienação mental. Não é raro também ver-se produzir, no domínio do espírito do possesso, um fenómeno análogo àquele que se passa nos seus órgãos. Assim como o demónio, em vez de paralisar as energias corporais do demoníaco, aumenta o seu poder, do mesmo modo, em vez de diminuir as suas luzes naturais, ele comunica à sua inteligência conhecimentos que ultrapassam muito o seu poder humano.

Possessão e infestação: fenómenos da mesma espécie

A infestação pessoal (ou obsessão) e a possessão constituem fenómenos da mesma espécie, variando apenas em grau, e são classificadas pelos teólogos como acções extraordinárias e directas do demónio, enquanto a tentação é indicada como ordinária e indireta.

Observa o Cardeal Lepicier que a diferença entre a infestação pessoal e a possessão não é uma diferença de espécie, mas somente de grau, visto que estas formas diferem mais ou menos, conforme for maior ou menor o grau do poder exercido pelo demónio sobre o corpo do indivíduo a quem ele resolveu atormentar. Os fenómenos de infestação pessoal não são, por vezes, menos graves do que os de possessão. De facto, o Ritual Romano não estabelece diferença alguma entre eles, e as línguas latina e italiana têm apenas uma palavra clássica para designar ambas as formas, isto é, obsessão diabólica. (Cf. Card. A. Lepicier, O Mundo Invisível, p. 277.)

É verdade — explica o Pe. Roure — que a possessão não penetra até o íntimo da alma; consequentemente ela não pode ditar, impor ao possesso um acto pessoal de inteligência ou de vontade. Mas a acção diabólica chega a neutralizar, a impedir o exercício da inteligência e da vontade, de modo que o possesso torna-se incapaz de conhecer, de julgar e de compreender tudo o que se passa e se agita nele.
Na infestação tal não se dá; a vítima conserva o domínio das suas faculdades superiores (a inteligência e a vontade), e pode mesmo servir-se delas para enfrentar os assaltos do Maligno. Dessa forma acontece que a efervescência diabólica pode deixar o fundo da alma em paz. (Cf. L. Roure, Possession Diabolique, cols. 2645-2646.)

São Boaventura explica que Deus permite a possessão “tenha em vista manifestar a sua glória, obrigando o demónio pela boca do possesso a confessar, por exemplo, a divindade de Cristo, seja para punição do pecado, seja para a nossa instrução. Mas, precisamente por qual dessas causas Ele deixa o demónio possuir um homem, é o  que escapa à sagacidade humana: os julgamentos de Deus são escodidos aos homens. O que é certo, é que eles são sempre justos” (In 2dum Sent. dist. VIII. part II. q. 1 art único apud L. Roure, Possession Diabolique., col. 2644.)

O carácter espetacular da possessão acaba por apresentar um efeito apologético e ascético benéfico, pois torna patente e quase visível a existência do Espírito das trevas. Esta é uma das razões pelas quais Deus permite a possessão diabólica, pois obriga o Maligno a agir como que a descoberto, dando mostras públicas da sua maldade, do seu ódio contra o homem e a criação.


Práticas supersticiosas, espiritismo, macumba…

Não devemos esquecer, entre as causas das infestações e da possessão, as práticas supersticiosas, o recurso à magia negra, videntes, cartomantes, adivinhos… visando um benefício fácil ou manipular, prejudicar terceiros. A encomenda de trabalhos contra terceiros tem sempre o retorno para o mandante.

"O demónio, quando um homem colabora com ele em práticas superticiosas, facilmente exerce sobre esse indivíduo a mais cruel e implacável tirania” — observa o Cardeal Lepicier. Ele chama a atenção para as práticas ocultas: “Não pode haver dúvida de que actuar como médium é o mesmo que expor-se aos perigos da obsessão diabólica... Recorrer a um médium é, pois, equivalente a cooperar na obsessão de uma pessoa”. (Card. A. LEPICIER, O Mundo Invisível, pp. 222-223.)

Uma das causas muito comuns da acção extraordinária do demónio sobre as pessoas é o malefício, o mal deliberadamente feito a alguém, a injustiça espiritual e carnal. O Pe. Gabriele Amorth, exorcista da Diocese de Roma, afirma que os casos mais difíceis de infestação e de possessão diabólica que ele tem encontrado são os resultantes de macumbas realizadas no Brasil e em África. (Cf. G. AMORTH, Un  esorcista racconta, pp. 116 e 157). Talvez isto se deva ao facto destes povos terem entre si conhecedores de magias e ritos que se perdem de vista na antiguidade.

Existem ainda casos de possessão voluntária, em que a pessoa que recorreu ao diabo e fez um pacto com ele pode agir como um instrumento do Maligno para levar avante os desígnios dele. A figura típica do médium de Satanás, foi Hitler, segundo julga o teólogo e demonólogo beneditino austríaco Dom Aloïs Mager.("Não há nenhuma outra definição mais breve, mais precisa, mais adaptada à natureza de Hitler que esta tão absolutamente expressiva: Medium de Satã” (D. Aloïs Mager O.S.B., Satan de nos jours, p. 639).)  Poderiam ser mencionadas igualmente as figuras sinistras que tanta dor, desgraça e sofrimento têm espalhado no mundo.
Perante Deus, tão assassino é o marginal que comete tal pecado como o homem ou estado que condena alguém à morte.


Para avaliarmos corretamente a presença e actuação do demónio no mundo actual é preciso considerar que o estado de apostasia a que se referia o Pe. Ortolan há mais de quarenta anos — “chegou em nossos dias a um grau inimaginável. E que, mais ainda do que os casos de possessão, o número dos infestados é sem conta”.

(Fonte: adaptado de “Anjos e Demónios - A Luta Contra o Poder das Trevas”, Gustavo Antônio Solímeo - Luiz Sérgio Solímeo)

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