Não posso deixar de fazer aqui uma introdução pois, nas minhas consultas, tenho ouvido as maiores fantasias delirantes sobre o Bem e o Mal, sobre a acção dos demónios.
Para quem não leu as mensagens anteriores lembro que a existência dos demónios é tão real quanto a dos Anjos. São duas faces da mesma moeda universal. Na cara temos o Anjo de Luz, o mensageiro divino. Na coroa temos algo que por vezes não é entendido como uma só e mesma coisa; Anjo Caído, Anjo Negro, Génio Contrário ou Demónio.
Se a nossa conduta, hábitos de vida, nos afastarem da protecção dos Anjos ficamos expostos ao Demónio. Este contacto com o lado negro afecta-nos de várias formas, variando em intensidade produz fenómenos diferentes.
A entrada da negatividade nas nossas vidas pode ter origem na falta de harmonia com os Anjos ou na vontade de terceiros, assim Deus o permita. É aquilo a que vulgarmente se chama "mau-olhado", enguiço, praga, encosto, magia negra... O povo tem uma variedade de nomes para designar o afastamento da Luz divina e do amor.
Existem coisas que acontecem na vida das pessoas e que elas não consideram normais. Uma pessoa que se acha possessa por espíritos malignos, costuma basear-se nos seguintes sinais que já abordou clinicamente mas, sem resultados porque a questão é espiritual:
NERVOSISMO
As pessoas afectadas pelos demónios tendem a ser muito nervosas e, por isso, acumulam uma sucessão de fracassos nas relações familiares, profissionais e sociais. Muitas tornam-se dependentes de calmantes e não conseguem resolver os seus problemas. Quando souber que alguém, surpreendentemente, cometeu um erro grave ou mesmo um crime, venha a este blog ler as características do seu Anjo Negro. Encontrará a motivação para tal acção negativa. “Todos os dias do aflito são maus…” (Provérbios 15.15).
DORES DE CABEÇA
A opressão que a negatividade exerce sobre nós causa-nos mal estar físico, originando "doenças" que a medicina não consegue diagnosticar. A mais comum são as dores de cabeça que costumam resistir aos analgésicos, sentindo a pessoa a chamada "muinha" que não a deixa concentrar-se nem descansar.
“Tendo chamado os seus doze discípulos, deu-lhes Jesus autoridade sobre espíritos imundos para os expelir e para curar toda sorte de doenças e enfermidades por eles causada.” Mateus 10.1
INSÓNIA
É comum o facto das pessoas me procurarem com a queixa de, sem motivo aparente e mesmo tomando remédios, não conseguirem dormir.
“Em paz me deito e logo adormeço, porque, Senhor, só tu me fazes repousar seguro.” Salmos 4.8
MEDO
Sobretudo nesta época de crise, as pessoas receiam pela sua vida e pela dos seus. No entanto, tenho encontrado pessoas que sentem um medo obsessivo de todas as coisas e de nada. Digo de nada porque não me conseguem dizer de onde nasceu esse medo. Estão sempre à espera que aconteça algo de mau e têm até medo de se tratar.
“No amor não existe medo" 1 João 4.18
DESMAIOS
Desmaios frequentes, tonturas e náuseas constantes também podem ser sintomas de influência negativa.
“E, quando chegaram junto da multidão, aproximou-se dele um homem, que se ajoelhou e disse: Senhor, compadece-te de meu filho, porque é lunático e sofre muito; pois muitas vezes cai no fogo e outras muitas, na água.” Mateus 17.14,15
VER O SUICÍDIO COMO ÚNICA SOLUÇÃO
Os Anjos Negros podem suscitar em si sentimentos auto-destrutivos como a rejeição e o desespero.
CONFUSÃO MENTAL
Alterações da memória, incapacidade de concentração, ausência de racionalidade e senso comum...
“Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres.” João 8.36
*
Não se pense que todos os que sofrem de um ou mais dos sintomas mencionados estejam sob influência do demónio. Mas mesmo com a devida ajuda da medicina, devem fazer uma consulta de cariz espiritual para que uma limpeza desta natureza acelere a sua recuperação.
As sociedades mais desenvolvidas já estão a dar passos firmes no que toca a conciliar a saúde física com a espiritual.
Foi com agrado e esperança que li este e-mail que um amigo me enviou:
CÓDIGO INTERNACIONAL DE DOENÇAS (OMS) INCLUI INFLUÊNCIA DOS ESPÍRITOS MEDICINA RECONHECE OBSESSÃO ESPIRITUAL
Por Dr. Sérgio Felipe de Oliveira
A obsessão espiritual como doença da alma, já é reconhecida pela Medicina. Em artigos anteriores, escrevi que a obsessão espiritual, na qualidade de doença da alma, ainda não era catalogada nos compêndios da Medicina, por esta se estruturar numa visão cartesiana, puramente organicista do Ser e, com isso, não levava em consideração a existência da alma e do espírito.
No entanto, quero retificar, atualizar os leitores dos meus artigos com esta informação, pois desde 1998, a Organização Mundial da Saúde (OMS) incluiu o bem-estar espiritual como uma das definições de saúde, ao lado do aspecto físico, mental e social. Antes, a OMS definia saúde como o estado de completo bem-estar biológico, psicológico e social do indivíduo e desconsiderava o bem estar espiritual, isto é, o sofrimento da alma; tinha, portanto, uma visão reducionista, organicista da natureza humana, não a vendo na sua totalidade: mente, corpo e espírito.
Mas, após a data mencionada acima, ela passou a definir saúde como o estado de completo bem-estar do ser humano integral: biológico, psicológico e espiritual.
Desta forma, a obsessão espiritual oficialmente passou a ser conhecida na Medicina como possessão e estado de transe, que é um item do CID - Código Internacional de Doenças - que permite o diagnóstico da interferência espiritual Obsessora.
O CID 10, item F.44.3 - define estado de transe e possessão como a perda transitória da identidade com manutenção da consciência do meio ambiente, fazendo a distinção entre os normais, ou seja, os que acontecem por incorporação ou atuação dos espíritos, dos que são patológicos, provocados por doença.
Os casos, por exemplo, em que a pessoa entra em transe durante os cultos religiosos e sessões mediúnicas não são considerados doença.
Neste aspecto, a alucinação é um sintoma que pode surgir tanto nos transtornos mentais psiquiátricos - nesse caso, seria uma doença, um transtorno dissociativo psicótico ou o que popularmente se chama de loucura - bem como na interferência de um ser desencarnado, a Obsessão espiritual.
Portanto, a Psiquiatria já faz a distinção entre o estado de transe normal e o dos psicóticos que seriam anormais ou doentios.
O manual de estatística de desordens mentais da Associação Americana de Psiquiatria - DSM IV - alerta que o médico deve tomar cuidado para não diagnosticar de forma equivocada como alucinação ou psicose, casos de pessoas de determinadas comunidades religiosas que dizem ver ou ouvir espíritos de pessoas mortas, porque isso pode não significar uma alucinação ou loucura.
Na Faculdade de Medicina DA USP, o Dr. Sérgio Felipe de Oliveira, médico, que coordena a cadeira (HOJE OBRIGATÓRIA) de Medicina e Espiritualidade.
Na Psicologia, Carl Gustav Jung, discípulo de Freud, estudou o caso de uma médium que recebia espíritos por incorporação nas sessões espíritas.
Na prática, embora o Código Internacional de Doenças (CID) seja conhecido no mundo todo, lamentavelmente o que se percebe ainda é muitos médicos rotularem todas as pessoas que dizem ouvir vozes ou ver espíritos como psicóticas e tratam-nas com medicamentos pesados pelo resto das suas vidas.
Na minha prática clínica (também praticada por Ian Stevenson), a grande maioria dos pacientes, rotulados pelos psiquiatras de "psicóticos" por ouvirem vozes (clariaudiência) ou verem espíritos (clarividência), na verdade, são médiuns com desequilíbrio mediúnico e não com um desequilíbrio mental, psiquiátrico. (Muitos desses pacientes poderiam se curar a partir do momento que tivermos uma Medicina que leva em consideração o Ser Integral).
Portanto, a obsessão espiritual como uma enfermidade da alma, merece ser estudada de forma séria e aprofundada para que possamos melhorar a qualidade de vida do enfermo.
“O homem de quem tinham saído os demónios rogou-lhe que o deixasse estar com ele; Jesus, porém, o despediu, dizendo: Volta para casa e conta aos teus tudo o que Deus fez por ti. Então, foi ele anunciando por toda a cidade todas as coisas que Jesus lhe tinha feito.” Lucas 8.38,39
Acção ordinária (a tentação) e extraordinária (a possessão)
Deus governa o mundo,
respeitando a sua ordem e as suas leis, isto é, a normalidade, a simplicidade,
o usual das coisas. Tudo aquilo que sai desta linha e que parece maravilhoso,
prodigioso, milagroso é excepcional e muito raro.
Deus criou-nos livres e
espera de nós um livre consentimento à fé, sem que nisto sejamos influenciados
por uma manifestação habitual do preternatural e do sobrenatural. Entretanto,
para provar-nos, para que mereçamos a bem-aventurança eterna, como também,
muitas vezes, para nosso castigo, permite Deus que o demónio nos atormente.
O mal provém de três causas:
- da nossa natureza, ferida
pelo pecado original
- do mundo (dos outros
homens)
- do demónio
Entretanto Satanás desperta
em nós, continuamente, a tríplice concupiscência com insistentes tentações de
soberba e orgulho, de luxúria, de ganância, de avidez a todos os níveis.
Essa é a acção ordinária,
comum, corrente do demónio - ou seja, a tentação.
Além dela, o Maligno pode
exercer uma acção extraordinária - a possessão.
A acção ou actividade
demoníaca extraordinária pode ser assim qualificada por duas razões:
- em primeiro lugar, pelo seu
carácter surpreendente, sensacional, espetacular
- em segundo, pela sua
relativa raridade (se comparada com a acção ordinária).
Estamo-nos a referir à infestação e à possessão diabólica.
Estamo-nos a referir à infestação e à possessão diabólica.
A tentação
“Bem-aventurado o homem que sofre (com paciência) a
tentação.
porque depois de ter sido pôs-to à prova, receberá a
coroa da
vida, que Deus promete aos que o amam".
(Tiag 1,12)
A acção mais comum e
constante do demónio, em relação ao homem, é a tentação. Por esse seu aspecto comum
e a mais frequente, podemos chamar-lhe a acção ordinária do demónio.
Natureza da tentação
No seu sentido etimológico,
tentar alguém significa pô-lo à prova para que se conheçam as suas
predisposições ou qualidades.
Tentação probatória e
tentação enganadora ou sedutora
Santo Agostinho estabeleceu
uma distinção, que se tomou clássica, entre a tentação probatória (tentatio
probationis) e a tentação enganadora ou sedutora (tentatio decepcionis vel
seducionis).
A tentação probatória não
visa levar ao pecado, e sim testar a virtude de alguém ou fortalecê-la por meio
da provação. Nesse sentido é que se pode
falar da tentação de Deus, como, por exemplo, as provações que o Criador,
servindo-se do demónio, enviou a Jó para provar sua fidelidade (cf. Jó 14, 1
ss).
Pode-se falar também de
tentar a Deus quando se pretende pôr Deus à prova, exigindo dele um milagre ou
uma acção extraordinária, com o fim de satisfazer a nossa curiosidade, os
nossos caprichos, ou livrar-nos das consequências das nossas irreflexões ou
imprudências. “Tentar a Deus - escreve D. Duarte Leopoldo e Silva - é expor-se
ao perigo, a grandes tentações, sem necessidade, e depois pedir um milagre para
não sucumbir. Deus protege no perigo, mas nem por isso devemos expor-nos
temerariamente, porque, diz o Espírito Santo, quem ama o perigo nele perecerá”.
(Con. Duarte Leopoldo e Silva, Concordancia dos Sanctos Evangelhos, Escola
Typographica Salesiana, São Paulo, I edição, 1903.)
A tentação enganadora ou
sedutora visa levar o homem à ruína espiritual; ela propõe-lhe um mal sob a
aparência de um bem, procurando arrastá-lo ao desejo desse mal, isto é, ao
pecado. Pode, então, ser definida como uma incitação ao pecado. Consiste num
estímulo, numa solicitacção da vontade para o mal.
Quando precede de nós mesmos
(tentação interna), pode ser indicada mais como inclinação, arrebatamento,
estímulo; se provém de outros inclusive do demónio podemos referir-nos a ela
como convite, solicitacção, incitação.
Causas naturais da
tentação: o mundo e a carne
Nem todas as tentações de que
o homem padece provêm do demónio; também o mundo e a carne têm nelas uma grande
parte: "Nem todos os pecados são cometidos por instigação do demónio,
alguns são cometidos pela livre vontade e corrupção da carne” - ensina São
Tomás. (Suma Teológica, 1,q.114,a.3.)
A raiz da tentação está na
própria natureza humana, esta é livre mas porém demasiado frágil em consequência do pecado original. “Cada um é tentado
pela sua própria concupiscência, que o atrai e o alicia” - escreve o Apóstolo
São Tiago (Tiag 1, 14), que repete a mesma ideia pouco à frente: “De onde vêm
as guerras e as contendas entre vós? Não vêm elas das vossas concupiscências
que combatem nos vossos membros?” (Tiag 4, 1).
São Paulo descreve em termos
dramáticos essa terrível realidade: "Sinto imperar em mim uma lei:
querendo fazer o bem, eis que o mal se apresenta a mim. Segundo o homem
interior, acho satisfação na lei de Deus; mas nos meus membros experimento
outra lei que se opõe à lei do meu espírito e me encadeia à lei do pecado que
reina nos meus membros” (Rom 7, 21-24)*
*“São Paulo descreve a luta
que se trava no interior do homem entre a carne e o espírito. O homem reconhece
a justiça e a bondade da lei, mas a concupiscência excita-o fortemente a
desobedecer-lhe” (Pe. Mactos Soares). A carne, aqui, significa a natureza
humana decaída em consequência do pecado original, que a tornou desregrada. Em
si a carne, ou seja a natureza humana, é boa pois foi criada por Deus.
Também o mundo procura
arrastar-nos ao pecado, pois "está
sob o jugo do maligno” (1 Jo 5, 19), e “a amizade deste mundo é inimiga
de Deus” (Tiag 4, 4). Se rompermos com o mundo ele nos perseguirá, adverte o
Salvador, pois não somos do mundo (Jo 15, 19). Por isso, Jesus disse
expressamente que não rezava pelo mundo (Jo 17, 9). Um homem pode ser tentador
de outro homem, segundo o espírito do mundo. Foi o que fez São Pedro,
procurando desviar o Senhor do caminho da Cruz: “A partir daquele momento,
começou Jesus a revelar a seus discípulos que era necessário que fosse a
Jerusalém, padecesse muito da parte dos anciãos, dos sumos sacerdotes e dos
escribas, e fosse condenado à morte, e ao terceiro dia ressuscitasse. Pedro,
tomando-o à parte, começou a admoestá-lo, dizendo: ´Deus te livre, Senhor! Isto
não te pode acontecer!´Ele, porém, voltando-se, disse a Pedro: 'Retira-te de
mim, Satanás! Pois és para mim obstáculo (isto é, tentação); os teus
pensamentos não são de Deus, mas dos homens!' “ (Mt 16, 21-23). Somos, pois,
tentados pela nossa própria fragilidade, pelo nosso temperamento, a nossa
índole, formação, ambiente, familiares, amigos, situações e ocasiões; numa
palavra: pela carne e pelo mundo.
A tentação demoníaca
Porém, conforme ensina o
Apóstolo, “não temos que lutar somente contra a carne e o sangue, mas sim
contra os principados e as potestades, contra os dominadores deste mundo de
trevas, contra os espíritos malignos espalhados pelos ares.. “(Ef 6, 10-11).
Está fora de dúvida que
muitíssimas tentações são obra directa do demónio, cujo oficio próprio - diz
São Tomás - é tentar. (Suma Teológica, 1,q. 114,a.2.) A maior parte da
actividade demoníaca concretiza-se na tentação. Por isso o demónio, no
Evangelho, é chamado tentador (cf. Mt 4, 3).
As demais causas da tentação
— o mundo e a carne — podem actuar independentemente umas das outras;
entretanto, é comum que, nas tentações, a atracção do mundo se una à luxuria, e
a ambas se some a acção aliciante do demónio.
De tal modo que embora os
teólogos aceitem no plano teórico a possilidade da tentação poder ter uma causa
apenas natural, o mundo ou a carne sem entrar necessariamente a acção do
demónio. No plano prático, em geral, admitem que o Maligno, sempre à espreita,
se aproveita de todas as circunstâncias para cavalgar a tentação e aumentar a
sua intensidade ou malícia. De onde a advertência de São Paulo: “Se sentirdes
raiva, seja sem pecar: não se ponha o sol sobre vossa ira, para não dardes
oportunidade ao demónio” (Ef 4, 26-27).
O homem diante da tentação; a
tentação não é pecado.
A tentação por si mesma,
obviamente não é pecado. Pois o próprio salvador permitiu ser tentado pelo
demónio (Mt 4, 1-11; Mc 1, 12-13; Lc 4, 1-13). Uma vez que o demónio não pode
agir directamente sobre a inteligência ou a vontade humanas, e por isso procura
influenciá-las por meios indirectos. Mesmo podendo resistir ao tentador,
frequentemente o homem deixa-se seduzir. Para nos tentar, o demónio pode
excitar a imaginação de modo a formar nela imagens e representações lúbricas
ou perturbadoras; interferir em movimentos corporais que favoreçam os maus
actos ou os maus pensamentos, intensificar as paixões, procurar enredar-nos em
sofismas, em erros, etc. Entretanto, o homem não é culpado das tentações que
sofre, a não ser quando elas são consequência de imprudências, permitidas ou
procuradas voluntariamente, por exemplo, com olhares indevidos, frequência de
lugares perigosos, más companhias... Pelo contrário, ele só será culpado nos
casos em que der um consentimento pleno e deliberado às solicitações das
tentações.*
*“Três coisas devemos distinguir
na tentação: a sugestão, o deleite e o consentimento. A sugestão não é um
pecado, porque não depende da nossa vontade. O simples deleite, quando
involuntário, também não é pecado. Só o consentimento é sempre criminoso,
porque depende exclusivamente de nós o aceitar ou não a sugestão do mal"
(Con. Duarte Leopoldo e Silva, op. cit., p. 34, n. 5).
Por mais intensa que seja uma
tentação, se o homem lutou contra ela, não cometeu a menor falta; pelo
contrário adquiriu méritos para a sua santificação, segundo escreve São Tiago
Apóstolo: “Bem-aventurado o homem que sofre (com paciência) a tentação, porque,
depois de ter sido pos-to à prova, receberá a coroa da vida, que Deus prometeu
aos que o amam” (Tiag 1, 12).
A infestação
"Não temos que lutar somente
contra a carne e o sangue, mas sim
contra os principados e as potestades,
contra os dominadores deste mundo de
trevas, contra os espíritos malignos
espalhados pelos ares.. "
(Ef 6, 10-11)
A acção extraordinária do
demónio sobre os homens, as coisas e os locais, não é uniforme: alguns autores
falam em obsessão, para designar essa actuação do demónio, quer se trate da sua
simples presença num local, quer da actuação sobre o homem, mas sem possuí-lo,
quer da possessão.
Adoptamos aqui a terminologia
utilizada por Mons. Corrado Balducci, por parecer-nos simples e directa: infestação local,
infestação pessoal e possessão diabólica. (Cf Mons. C. Balducci, Gli
indemoniati, p. 3; El diablo, pp. 156-158.)
Infestação local
A infestação local consiste
numa actividade perturbadora que o demónio exerce directamente sobre a natureza
inanimada (reino mineral, elementos atmosféricos, etc.) e animada inferior
(reino vegetal e reino animal), e também sobre lugares, procurando desse modo
atingir indirectamente o homem, sempre de modo maléfico. Com efeito, todas as
criaturas, mesmo as irracionais, por maldição do pecado, ficaram sob o poder do
demónio (cf. Rom 8, 21ss). Assim, os lugares e as coisas, do mesmo modo que as
pessoas, estão sujeitas à infestação demoníaca. É preciso não esquecer a
actuação dos demónios dos ares.
Entram nessa categoria as
casas e lugares infestados: objectos que voam ou se deslocam do lugar, sons
estranhos ou perturbadores (passos, pedradas nas vidraças ou no telhado, uivos,
gritos, gargalhadas); impressão de presenças invisíveis, sensação de perigos
inexistentes, etc.; distúrbios visíveis, estranhos e repentinos que se
verificam no mundo vegetal e no mundo animal (árvores ou plantações que secam
repentinamente, doenças desconhecidas nos animais, pragas, etc.).
Certos fenómenos ou
calamidades de aparência e estruturas naturais (tempestades, terremotos e
outros cataclismos, incêndios, desastres, etc.) podem ter igualmente o demónio
como autor, senão único e directo (como na possessão), pelo menos parcial e
dirigente. Por exemplo, o raio que caiu do céu e consumiu os pastores e as
ovelhas de Jó, do mesmo modo que o vento do deserto que fez cair a casa dos
filhos do Patriarca, esmagando-os sob as ruínas, foram suscitados por Satanás
(Jó 2, 16-19). Nesse caso, podem ser incluídos essas manifestações demoníacas
extraordinárias. Muitas vezes, tais manifestações ocorrem em concomitância com
casos de infestação pessoal ou de possessão diabólica.
Infestação pessoal
(obsessão)
A infestação pessoal é uma
perturbação que o demónio exerce, já não sobre o mundo material e as criaturas
irracionais, mas sobre uma pessoa, directamente, sem contudo lhe impedir o uso
da inteligência e da livre vontade. Apesar de ser excepcional, é talvez o mais
frequente dos três tipos de actividade maléfica extraordinária - isto é,
infestação local, infestação pessoal, possessão. Como a infestação local, a
pessoal também comporta diferentes graus de intensidade.
A infestação pessoal pode ser
externa ou física e interna ou psicológica, conforme se exerça sobre os
sentidos externos ou internos e sobre as paixões do homem. Com frequência, a
infestação é simultaneamente externa e interna.
Na infestação externa ou
física, o demónio age sobre os nossos sentidos externos:
- a vista, provocando
aparições sedutoras ou, pelo contrário, apavorantes;
- a audição, fazendo ouvir
rumores, palavras ou canções, blasfémias, convites, elogios ou ameaças;
- o tacto, com sensações
provocantes, abraços, movimentos carnais ou então dores, doenças…
Mas o demónio pode actuar
também sobre os sentidos internos (fantasia e memória) e sobre as paixões. A
infestação interna ou psicológica consiste em sugestões violentas e tenazes:
- idéias fixas, imagens
expressivas e absorventes, movimentos profundos de emotividade e de paixão -
por exemplo, desgostos, amargura, ressentimentos, ódio, angústias, desespero;
- inclinação para algum
objecto ilícito, ou inclinação em si lícita, mas desregrada quanto ao modo e à
intensidade.
Comenta o Pe. Tanquerey: “A
pessoa sente-se, embora com desgosto, invadida por fantasias importunas,
tediosas, que persistem não obstante os esforços vigorosos para afastá-las; ou
então por frémitos de ira, angústia, desespero, ímpetos instintivos de
antipatia; ou pelo contrário, por perigosas ternuras sem razão alguma que as
justifiquem” . (Adolphe Tanquerey, Precis de Théotogie Ascétique ei Mystique.
p. 958.)
Os acessos de melancolia e os
de furor que afligiam Saul, por obra dum demónio e por permissão divina (cf. 1
Reis 16, 14-23), são característicos da infestação pessoal interna, infestação
psicológica. Diferentemente do possesso, o infestado guarda em si a disposição
dos seus actos exteriores, embora em muitos casos tenha a sua liberdade
diminuída. Ele conserva o poder de reagir contra as sugestões do interior, de
julgar o valor moral destas sugestões, achando-as abomináveis. Uma das
modalidades de infestação pessoal, talvez das mais frequentes são as doenças,
muitas vezes desconhecidas e incuráveis, que chegam a levar à morte, se Deus o
permitir. É o que, aliás, lemos no livro de Já: “Disse, pois, o Senhor a
Satanás: Eis que ele (Jó) está na tua mão; conserva, porém, a sua vida” (Jó 2,
6). As escrituras apresentam vários casos de tais enfermidades de origem de
diabólica.
Por vezes trata-se de
inconvenientes que atacam a vida psíquica, a própria personalidade do
indivíduo, tomando-o difícil, raivoso e até incapaz de actuar no ambito da sua
vida familiar e social. (Cf. Mons. C.Balducci, El diablo, p. 184.)
Convém precisar que muitas
das manifestações acima descritas, embora próprias às infestações locais ou
pessoais, não são exclusivas delas e nem sempre são de origem demoníaca; várias
anomalias de ordem psíquica (ilusões, alucinações, delírios) podem-se
exteriorizar pelos mesmos fenómenos; um cuidadoso exame médico e espiritual do
indivíduo e das circunstâncias que acompanham os factos poderá revelar a origem
natural patológica ou demoníaca dos distúrbios.
Vítimas prediletas da
infestação
Se bem que qualquer pessoa
possa ser vítima desse tipo de tormento diabólico, Mons. Balducci indica três
categorias de pessoas que estariam mais sujeitas a ele:
- os santos
- os exorcistas e demonólogos
(trabalham contra mal, limpam os seus
trabalhos)
- os maleficiados (vítimas do
malefício de terceiros que usam os demónios, magia negra).
Os santos, por causa do ódio
que o demónio tem daqueles que de modo especial amam a Deus e procuram a
perfeição; isto, do lado da intenção do demónio; do lado da permissão divina,
esta é dada como provação especial a almas muito eleitas. Vários santos a
experimentaram. Entre os antigos, basta lembrar Santo Antão; do mesmo modo
Santa Catarina de Siena (1347-1380); São Francisco Xavier (1506-1552); Santa
Teresa de Jesus (1515-1582); Santa Maria Madalena de Pazzi (1566-1607); São
João Batista Vianney, o Cura d’Ars (1786-1859) São João Bosco (1815-1888);
Santa Gemma Galgani (1878-1903)*.
Os exorcistas e demonólogos:
a razão é tão óbvia que quase não é preciso dá-la; os primeiros, com o seu dom,
fazem diminuir a presença do demónio no mundo e libertam as suas vítimas. Os
segundos, com os seus estudos, esclarecem os fiéis em relação à existência e
actividade demoníacas.
Os maleficiados (vítimas de
malefício), por permissão de Deus, para seu castigo ou provação, ou para
manifestar o poder divino. (Cf. Mons. C. Balducci, El diablo, p. 179.)
A possessão
“E pela tarde apresentaram-Lhe
muitos possessos do demónio".
(Mt 8, 16)
A possessão é a mais
espectacular das manifestações diabólicas e a que mais impressiona as
imaginações; a tal ponto, que deixa na penumbra o trabalho constante do demónio
que, por meio da tentação, procura seduzir os homens ao pecado.
Realidade da possessão
diabólica
No que se refere à possessão
diabólica, há duas posições erradas que é preciso evitar:
- A primeira, consiste em
acreditar com facilidade que uma pessoa está possessa, sem maior exame, pela
impressão causada por sintomas que podem bem corresponder a estados clinicos,
não sendo de si suficientes para caracterizar a possessão.
- A segunda posição está em
negar que hoje ocorram casos de possessão; chega mesmo a negar que alguma vez
se tenham dado. Esta posição extremada choca com uma verdade claramente
ensinada pela Sagrada Escritura, pela Tradição e pela prática das religiões. Os
racionalistas pretendem que os casos de possessão diabólica relatados nas
Escrituras não passam de casos patológicos — mania, loucura, esquizfrenia,
histeria e epilepsia… Dizem que Jesus não pretendia que esses infelizes
enfermos, chamados endemoniados, estivessem realmente possessos, mas tratava-os
de acordo com as convicções dos seus contemporâneos, os quais acreditavam na
acção demoníaca.
Nada mais falso, e os
Evangelhos distinguem bem entre a doença e a possessão.
Assim, São Marcos escreve: “E
de tarde, sendo já posto o sol, traziam-lhe (a Jesus) todos os que estavam
doentes e os possessos do demónio. E curou muitos que se achavam oprimidos com
varias doenças e expeliu muitos demónios” (Mc 1, 32-34). E em São Mateus está
escrito: “E pela tarde apresentaram-lhe muitos possessos do demónio, e ele com
a (sua) palavra expelia os espíritos maus, e curou todos os enfermos” (Mt 8,
16). Do mesmo modo São Lucas: “E quando foi sol posto, todos os que tinham
enfermos de diversas moléstias, traziam-lhos. E ele impondo as mãos sobre cada
um, sarava-os. E de muitos saíam demónios gritando” (Lc 4,40-41).
É evidente nestas passagens
que se referem à cura de doentes e à expulsão de demónios como dois casos
diferentes. De resto, o próprio Salvador afirma que expulsava os demónios dos
possessos. Por exemplo, aos judeus incrédulos disse Jesus: “Se eu, porém lanço
fora os demónios pela virtude do Espírito de Deus, é chegado a vós o reino de
Deus” (Mt 12, 28). “Se eu, pelo dedo de Deus lanço fora os demónios, certamente
chegou a vós reino de Deus”(Lc 11,20).
E Ele mesmo distingue bem os
casos de doença dos de possessão, ao dizer: “Eis que eu expulso os demónios e
opero curas” (Lc 13, 32). A Liturgia e a prática da Igreja, com a instituição
dos exorcismos, bem como o ensinamento dos teólogos, indicam que ela crê na
possessão diabólica. Ao mesmo tempo, estabelece que os exorcismos sobre
possessos não sejam feitos senão depois de maduro exame e mediante especial
autorizacção, a Igreja indica que não se deve crer levianamente nos casos de
possessão.
Em resumo, que se tenham dado
alguns casos, pelo menos de verdadeira possessão diabólica, como os relatados
nos Evangelhos, é verdade de fé; que depois se tenham dado outros, é doutrina
comum dos teólogos, que não pode ser negada sem temeridade.
Natureza da possessão
A possessão consiste num
domínio que o demónio exerce directamente sobre o corpo e indirectamente sobre
a alma de uma pessoa. Esta converte-se num instrumento cego, dócil, fatalmente
obediente ao poder perverso e despótico do demónio.
O indivíduo em tal estado é
justamente chamado possesso, endemoniado, enquanto instrumento, vitima do poder
demoníaco, porque mostra um sofrimento insólito.
Características
A possessão caracteriza-se
por dois elementos:
a) presença do demónio no
corpo do homem
b) exercício de um poder por
parte demónio sobre o homem
Quanto à presença demoníaca,
ela não significa uma presença física, o demónio é puro espírito; a sua
presença dá-se pelo contacto operativo, isto é, o demónio está onde actua.
Desse modo, o demónio pode desenvolver sua actividade por toda a parte, tanto
fora como dentro dos corpos humanos. Sendo assim, um indivíduo pode estar
possuído por vários demónios (os quais operam simultaneamente sobre ele, embora
sob aspectos diversos), como um só demónio pode possuir várias pessoas
(actuando sucessivamente sobre cada uma delas).
O modo como se opera a
possessão é explicado por São Tomás de Aquino:
"Os Anjos bons e os maus
têm o poder, em virtude da sua natureza, de modificar os nossos corpos, como
qualquer outro objecto material. E como eles estão presentes num lugar na
medida em que operam nele, assim eles penetram nos nossos corpos. Do mesmo
modo, eles impressionam as faculdades ligadas aos nossos órgãos: às modificações
dos órgãos respondem as modificações das faculdades.
Mas a impressão não chega até
à vontade, porque a vontade nem no seu exercício nem no seu objectivo, depende
de um órgão corporal. Ela recebe o seu objetivo da inteligência, na medida em
que ela percebe a noção de bondade do ser”. (In 2dum Sent., Dist. VIII, q.
un. a. 5, sol. apud L. Roure, Possession Diabolique, col.)
Noutro lugar, o Santo Doutor
explica que o diabo não pode penetrar directamente na alma do homem, pois isto
somente a Santíssima Trindade pode fazer. (Suma Teológica, 3,q. 8,a.8)
Isto quer dizer que, na
possessão, embora o demónio domine o corpo, sobretudo o sistema nervoso, e
possa impedir o uso das capacidades da alma, ele não pode penetrar nela e
obrigar a sua vítima a cometer um pecado, ou a aceitar as doutrinas diabólicas.
O possesso não é moralmente responsável pelos seus actos, por piores que sejam,
uma vez que não tem plena consciência deles,
nem existe colaboração da vontade.
Efeitos da acção do
demónio sobre o possesso
A presença operante do
demónio no endemoniado não é contínua, manifesta-se por períodos de crise. Não
falta ao demónio poder nem vontade de atormentar ininterruptamente a sua
vítima, tal o ódio ao homem; Deus é que não o permite, pois a pessoa não
resistiria. A influência do demónio sobre os possessos não é simplesmente
indirecta ou moral, como, por exemplo nas tentações, mesmo as mais fortes.
A possessão é uma acção
directa e física, exercida pelos espíritos das trevas sobre os órgãos corporais
do infeliz submetido ao seu império. De onde resulta para este último um estado
doentio, estranho, que sai das leis ordinárias das afecções mórbidas, embora
frequentemente acompanhado de fenómenos de ordem puramente natural, que o
demónio determina nele, simultaneamente com aqueles que ultrapassam a esfera
própria aos agentes físicos. Esses fenómenos são habitualmente uma
super-excitacção geral e profunda de todo o sistema nervoso. Outras vezes, ao
contrário, o demónio comunica à sua vítima um crescimento extraordinário da
força muscular.
Essa acção perturbadora e
nociva do demónio sobre os órgãos corporais expande-se sobre as faculdades
mistas, como a imaginação, a memória e a sensibilidade. Estende-se mesmo mais
longe e mais alto no ser humano, porque ela repercute até na inteligência. As
operações intelectuais apresentam, às vezes, um tal carácter de incoerência,
que os demoníacos parecem atingidos de alienação mental. Não é raro também
ver-se produzir, no domínio do espírito do possesso, um fenómeno análogo àquele
que se passa nos seus órgãos. Assim como o demónio, em vez de paralisar as
energias corporais do demoníaco, aumenta o seu poder, do mesmo modo, em vez de
diminuir as suas luzes naturais, ele comunica à sua inteligência conhecimentos
que ultrapassam muito o seu poder humano.
Possessão e infestação:
fenómenos da mesma espécie
A infestação pessoal (ou
obsessão) e a possessão constituem fenómenos da mesma espécie, variando apenas
em grau, e são classificadas pelos teólogos como acções extraordinárias e
directas do demónio, enquanto a tentação é indicada como ordinária e indireta.
Observa o Cardeal Lepicier
que a diferença entre a infestação pessoal e a possessão não é uma diferença de
espécie, mas somente de grau, visto que estas formas diferem mais ou menos,
conforme for maior ou menor o grau do poder exercido pelo demónio sobre o corpo
do indivíduo a quem ele resolveu atormentar. Os fenómenos de infestação pessoal
não são, por vezes, menos graves do que os de possessão. De facto, o Ritual Romano
não estabelece diferença alguma entre eles, e as línguas latina e italiana têm
apenas uma palavra clássica para designar ambas as formas, isto é, obsessão
diabólica. (Cf. Card. A. Lepicier, O Mundo Invisível, p. 277.)
É verdade — explica o Pe.
Roure — que a possessão não penetra até o íntimo da alma; consequentemente ela
não pode ditar, impor ao possesso um acto pessoal de inteligência ou de
vontade. Mas a acção diabólica chega a neutralizar, a impedir o exercício da
inteligência e da vontade, de modo que o possesso torna-se incapaz de conhecer,
de julgar e de compreender tudo o que se passa e se agita nele.
Na infestação tal não se dá;
a vítima conserva o domínio das suas faculdades superiores (a inteligência e a
vontade), e pode mesmo servir-se delas para enfrentar os assaltos do Maligno.
Dessa forma acontece que a efervescência diabólica pode deixar o fundo da alma
em paz. (Cf. L. Roure, Possession Diabolique, cols. 2645-2646.)
São Boaventura explica que
Deus permite a possessão “tenha em vista manifestar a sua glória, obrigando o
demónio pela boca do possesso a confessar, por exemplo, a divindade de Cristo,
seja para punição do pecado, seja para a nossa instrução. Mas, precisamente por
qual dessas causas Ele deixa o demónio possuir um homem, é o que escapa à sagacidade humana: os julgamentos
de Deus são escodidos aos homens. O que é certo, é que eles são sempre justos”
(In 2dum Sent. dist. VIII. part II. q. 1 art único apud L. Roure, Possession
Diabolique., col. 2644.)
O carácter espetacular da
possessão acaba por apresentar um efeito apologético e ascético benéfico, pois
torna patente e quase visível a existência do Espírito das trevas. Esta é uma
das razões pelas quais Deus permite a possessão diabólica, pois obriga o
Maligno a agir como que a descoberto, dando mostras públicas da sua maldade, do
seu ódio contra o homem e a criação.
Práticas supersticiosas,
espiritismo, macumba…
Não devemos esquecer,
entre as causas das infestações e da possessão, as práticas supersticiosas, o
recurso à magia negra, videntes, cartomantes, adivinhos… visando um benefício
fácil ou manipular, prejudicar terceiros. A encomenda de trabalhos contra
terceiros tem sempre o retorno para o mandante.
"O demónio, quando um
homem colabora com ele em práticas superticiosas, facilmente exerce sobre esse
indivíduo a mais cruel e implacável tirania” — observa o Cardeal Lepicier. Ele
chama a atenção para as práticas ocultas: “Não pode haver dúvida de que actuar
como médium é o mesmo que expor-se aos perigos da obsessão diabólica...
Recorrer a um médium é, pois, equivalente a cooperar na obsessão de uma
pessoa”. (Card. A. LEPICIER, O Mundo Invisível, pp. 222-223.)
Uma das causas muito comuns
da acção extraordinária do demónio sobre as pessoas é o malefício, o mal
deliberadamente feito a alguém, a injustiça espiritual e carnal. O Pe. Gabriele
Amorth, exorcista da Diocese de Roma, afirma que os casos mais difíceis de
infestação e de possessão diabólica que ele tem encontrado são os resultantes
de macumbas realizadas no Brasil e em África. (Cf. G. AMORTH, Un esorcista racconta, pp. 116 e 157). Talvez
isto se deva ao facto destes povos terem entre si conhecedores de magias e
ritos que se perdem de vista na antiguidade.
Existem ainda casos de
possessão voluntária, em que a pessoa que recorreu ao diabo e fez um pacto com
ele pode agir como um instrumento do Maligno para levar avante os desígnios
dele. A figura típica do médium de Satanás, foi Hitler, segundo julga o teólogo
e demonólogo beneditino austríaco Dom Aloïs Mager.("Não há nenhuma outra
definição mais breve, mais precisa, mais adaptada à natureza de Hitler que esta
tão absolutamente expressiva: Medium de Satã” (D. Aloïs Mager O.S.B., Satan de
nos jours, p. 639).) Poderiam ser mencionadas
igualmente as figuras sinistras que tanta dor, desgraça e sofrimento têm
espalhado no mundo.
Perante Deus, tão assassino é
o marginal que comete tal pecado como o homem ou estado que condena alguém à
morte.
Para avaliarmos corretamente
a presença e actuação do demónio no mundo actual é preciso considerar que o
estado de apostasia a que se referia o Pe. Ortolan há mais de quarenta anos — “chegou
em nossos dias a um grau inimaginável. E que, mais ainda do que os casos de
possessão, o número dos infestados é sem conta”.
(Fonte: adaptado de “Anjos e
Demónios - A Luta Contra o Poder das Trevas”, Gustavo Antônio Solímeo - Luiz
Sérgio Solímeo)
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